
Com o movimento da primavera dos jovens egípcios criou-se, inicialmente, uma expectativa de mudanças no país.
O que temos assistido agora, entretanto, é a manutenção do statu quo, com a continuidade da dominação do exército egípcio, e uma crescente radicalização dos movimentos islâmicos fundamentalistas, como a Irmandade Muçulmana.
Estes movimentos fundamentalistas estão atacando os Cristãos Coptas em todos os lugares, e queimando suas igrejas.
O que é inaceitável é o exército egípcio fazer coro com o fundamentalismo, e chacinar dezenas de cristãos coptas, num grave atentado contra o mais elementar dos direitos, o de liberdade de expressão de culto religioso.
A desproporção da força entre as partes é abismal, e nos leva a crer que o exército egípcio está buscando aliança com o fundamentalismo, demonstre isto através da repressão.
Exigimos apuração e punição dos responsáveis por este atentado criminoso contra uma minoria milenar do Egito. Retirei da Folha
Pelo menos 19 pessoas morreram, entre civis e militares, e dezenas ficaram feridas em confrontos entre cristãos coptas e militares no Cairo, informaram as fontes de segurança do Egito.
As agências de notícias ainda divergem sobre o número de vítimas fatais. A Associated Press e a Reuters divulgam os 19, enquanto a Efe afirma que são 21.
As fontes explicaram que os soldados mortos foram atingidos por tiros, e que ainda não se sabe a causa da morte dos civis.
A origem dos disparos não está clara, já que testemunhas coptas acusaram os "baltaguiya" (pistoleiros) de atirarem nos manifestantes, versão contestada pela imprensa estatal, que garante que os religiosos abriram fogo contra os militares.
Dezenas de feridos foram levados para diversos centros médicos, principalmente para o Hospital Copta.
Mohamed Abd El-Ghany/Reuters | ||
Confronto entre cristãos egípcios e a polícia. O enfrentamento ocorreu durante protesto contra ataque a igreja |
PROTESTO
Segundo a Efe, civis armados com pedaços de madeira e facas foram à praça Tahrir e ao edifício que abriga a emissora de rádio e televisão do governo, onde começaram os confrontos entre o Exército e cristãos coptas, que protestavam devido ao incêndio de uma igreja em Edfu, no sul do país.
Os manifestantes pediam a demissão do governador da província de Assuã, onde a igreja foi demolida, quando a violência teve início.
Veículos do Exército foram ao local para tentar conter os conflitos, os mais graves no Egito desde a revolução que pôs fim ao regime de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro.
O efeito do gás lacrimogêneo usado pelas forças de segurança pode ser sentido em grande parte do centro da capital egípcia, onde incessantemente foram ouvidas sirenes de ambulâncias transportando feridos.
Na praça Abdelmonem Riyad, próxima ao local dos confrontos, grupos de cristãos gritaram expressões de ordem como "com o espírito e o sangue nos sacrificamos pela cruz", e outros de muçulmanos cantaram lemas como "Alá é grande", em um ambiente de grande tensão, informou a agência estatal de notícias Mena.
TENSÕES
As tensões sectárias entre a minoria cristã (cerca de 10% da população) e os muçulmanos vem crescendo desde a derrubada do antigo regime.
Os cristãos acusam o governo interino de não reprimir atos de violência contra eles.
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