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Mídia gera leitura superficial das informações

Abro o jornal "A Folha de São Paulo" de hoje, 15 de agosto, que tem a seguinte manchete "Sobe total de evangélicos sem vínculos com Igrejas".

A pesquisa ocorreu no período de 2003 a 2009.

É, portanto, um período bastante considerável deste nosso terceiro milênio.

Se formos levar em conta somente a manchete do jornal, iremos imaginar que subiu o número dos evangélicos, pois está na primeira página "Sobe o total de evangélicos..."

Só que a informação principal teve um destaque secundário, isto é subiu, isto sim os que não tem uma igreja, ainda que professem ser evangélicos.

Será uma apostasia para os evangélicos o que vou dizer, mas significa que se tornaram "evangélicos de meia boca".

Neste período de 2003 a 2009, o número dos "evangélicos sem igreja"(como é difícil conceituar isto) subiu de 4% para 14%, correspondendo a 3,5 vezes o número inicial, e um total de 4.000.000 de pessoas.

Este é o fenômeno a ser analisado. O que ele significa?

Bem para isso é que existem as pesquisas.

Esta pesquisa mostra concretamente uma desistência de caminhada dentro do universo dos evangélicos.

É o fenômeno da secularização entrando também no mundo evangélico, tão cheio da verdade.

Algo não agradou a esta população.

Algo capaz de fazer a pessoa abandonar a sua crença regular na igreja onde participava.

Um demógrafo entrevistado, um tal de José Eustáquio, disse que o maior perdedor é a Igreja Católica, que ficou sem o seu monopólio.

E eu me pergunto, como um demógrafo, que apresenta um número onde a Igreja Católica decresceu 0,2% em 6 anos, quando todos pensavam que ocorreria uma debandada, pode fazer uma afirmação destas.

Ou ele é evangélico e fala em causa própria, ou não leu os números de sua própria pesquisa.

O jornal tem a sutileza de apresentar os números todos apenas em termos percentuais, e em nenhum momento mostra os números absolutos.

Caso considerasse os números absolutos, perceberia facilmente que a queda de 0,2% de católicos é muito menos do que as quedas do número de católicos no século passado, no Brasil, e que em termos absolutos houve um crescimento considerável.

O que de fato a pesquisa mostra é que os católicos CONSOLIDARAM-SE, contra o avanço evangélico.

Criaram uma proteção e retomaram um caminho que está sendo revertido.

Já os evangélicos sofreram estas defecções de fiéis que estão no "limbo", principalmente a Universal, que teve uma queda de 24% no número de fiéis.

A Congregação Cristã do Brasil também foi outra que teve acentuada queda (11%).
São muito rígidos, e segregam as mulheres em seus cultos. 

Cresceram a Assembléia de Deus e a chamada  Igreja Evangélica Batista (21%). Sua prolixidade contribuiu para isto. 

Interessante também é o crescimento dos espíritas kardecistas (20%). E o espiritismo vai na contramão do movimento evangélico.

Pode-se supor que igrejas de menor porte tem crescimento mais fácil, que as grandes.

Uma das características do evangélicos é a chamada subdivisão crescente.

O mundo evangélico vê surgir a todo instante novas igrejas, que acabam roubando fiéis das outras, e assim vão se multiplicando.

Ao final, o fiel fica desorientado e desiste de seguir uma das igrejas. Fica a pergunta: Qual? 

Como as igrejas evangélicas dizem que não são religião, elas não preparam uma catequese de formação e permanência, o que é comum nas igrejas chamadas tradicionais.

Falta-lhes doutrina que responda a todas as questões que se apresentam no mundo. Preferem acusar as igrejas tradicionais de religião, como resposta, e acabam sangrando a perda de fiéis.

Se fosse eu o jornalista desta matéria o nome seria outro: "Evangélicos estão deixando de participar em igrejas".




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