Pular para o conteúdo principal

"Simpatias" cobrem os postes da cidade de São Paulo

Existe algo de podre no reino da Dinamarca...

Pois é, algo está acontecendo na sociedade paulista, no subjetivo da sociedade paulista, naquilo que anda escondido, secreto, enquanto a cidade vai ficando cada vez mais pujante.

Algo que coabita por debaixo das famílias, das chamadas relações básicas, seculares, tradicionais, porque não?

Não aparece nas manchetes dos jornais, nem na telinha da TV, mas acontece, em meio ao crescimento da classe média, de sua estrutura.

Senão, como poderíamos entender esta multiplicação de propagandas de "simpatias" coladas nos postes, principalmente nos Jardins, Pinheiros, Paulista, Faria Lima, Rebouças enfim as chamadas regiões "nobres", onde corre mais fácil o dindin.

É o "Pai......e suas mestras poderosíssimas", "100% garantido", "trago seu amor de volta como abelha no mel", "pagamento após resultados", "aceitamos cartões Mastercard e Visa", "consulta R$200,00".

A quantidade de "Pai" sei lá do que, de ciganos, etc, com suas "salvações" tem crescido na mesma proporção da.......vocês podem imaginar?

Isso mesmo, da degradação das relações familiares.

Fico imaginando qual é o perfil da pessoa que consulta este tipo de "milagreiro". 

É preciso fazer uma pequena observação antes de dar continuidade ao pensamento:

Existe um tipo de "milagreiro" que  está se multiplicando no país, principalmente os milagreiros "cristãos", que se autodenominam evangélicos, e utilizam deste expediente para sobreviverem às custas de Jesus. Sem dúvida Jesus curou e cura ainda hoje, mas sua dimensão de salvação vai muito além da cura e do milagre, que servem para ajudar o fiel a perceber a companha de Jesus em sua via.

O outro tipo de milagreiro, são estes "pais espirituais" de formação sincrética católica, espírita, umbandista, sob o manto "espiritualista", enganando a muitos desesperados e desavisados.

Mas enfim, qual é o perfil da pessoa que consulta este último tipo de "milagreiro"?

Vou fazer algumas inferências:

1) É uma pessoa de baixa formação religiosa, com pouca leitura bíblica, e vida de Igreja, sujeita a todos os tipo os propagandas.

2) É uma pessoa que está com um problema sério, que põe em cheque a sua estrutura atual de vida.

3) É uma pessoa de posses, mas com elevada infelicidade, por conta do problema que está passando.

4) É uma pessoa que não pode confidenciar a ninguém esta sua dificuldade.

5) É uma pessoa suscetível a qualquer tipo de sugestão.

6) Preferentemente é mulher, embora alguns homens também se sirvam.

Qual é problemas de fundo que leva esta pessoa a consultar estes "milagreiros"?

Arrisco a dizer que o problema maior é o chamado "boi na linha". Não dizem por aí, na roça que quando o boi vai  pastar perto da linha ele acaba parando todo o trem?

É isso mesmo. Existem muitos "bois na linha" hoje parando o trem da vida familiar de muita gente.

A emancipação das mulheres é um acontecimento que todos devemos comemorar.

Mas a emancipação com a perda de valores, está fazendo muita gente hoje desconsiderar que fulano ou beltrana estejam casados, e "dão em cima", até provocar a separação.

Resumindo: esta multiplicação de propagandas de "simpatias" se explica pelo crescimento da degeneração dos valores sociais, uma baixa religiosidade, e um desenvolvimento com emancipação de segmentos novos na sociedade.

Será que as mulheres terão de volta seus maridos roubados por outras mulheres, apenas com o uso de "mestras poderosíssimas", e "pais..." que são "100% garantidos"?

Será que maridos terão de volta suas mulheres que lhes abandonaram, só com o uso de uma "reza forte"?

Tenho pena desta espiritualidade crescente hoje no Brasil.

É o supermercado da religião, a conta gotas, conforme a necessidade de cada um.

Triste espiritualidade.

Jesus do alto do seu trono, no mesmo do Pai, deve estar frustrado com o que vê, principalmente depois de ter mostrado até onde Ele foi e é capaz de ir, por cada um de nós.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...

O POVO DE RUA DE UBATUBA

 Nos feriados, a cidade de Ubatuba dobra o seu número de habitantes. Quando isso acontece, logo retiram os moradores em situação de rua, de seus locais, porque consideram que estes prejudicam a "imagem" da cidade. A questão é que os moradores de rua somente são lembrados quando são considerados prejudiciais à cidade. Não existe em Ubatuba uma política de valorização do povo de rua, capaz de diagnosticar o que impede eles de encontrar saídas dignas para suas vidas. Não existe sequer um local de acolhimento que lhes garanta um banho, uma refeição e uma cama. Saio toda semana para levar comida e conversar com eles.  Alguns querem voltar a trabalhar, mas encontram dificuldade em conseguir, tão logo sabem que eles vivem na rua e não possuem moradia fixa. Outros tem claro problema físico que lhes impede mobilidade. Outros ainda, convivem com drogas legais e ilegais.  O rol de causas que levaram a pessoa viver na rua é imenso, e para cada caso deve haver um encaminhamento de sol...

PEQUENO RELATO DE MINHA CONVERSÃO AO CRISTIANISMO.

 Antes de mais nada, como tenho muitos amigos agnósticos e ateus de várias matizes, quero pedir-lhes licença para adentrar em seara mística, onde a razão e a fé ora colidem-se, ora harmonizam-se. Igualmente tenho muitos amigos budistas e islamitas, com quem mantenho fraterna relação de amizade, bem como os irmãos espíritas, espiritualistas, de umbanda, candomblé... Pensamos diferente, mas estamos juntos. Podemos nos compreender e nos desentender com base  tolerância.  O que passo a relatar, diz respeito a COMO DEIXEI DE SER UM ATEU CONVICTO E PASSEI A CRER EM JESUS CRISTO SEGUINDO A FÉ CATÓLICA. Bem, minha mãe Sebastiana Souza Naves era professora primária, católica praticante,  e meu pai, Sólon Fernandes, Juiz de Direito, espírita. Um sempre respeitou a crença do outro. Não tenho lembrança de dissensões entre ambos,  em nada; muito menos em questões de religião. Muito ao contrário, ambos festejavam o aniversário de casamento, quando podiam, indo até aparecida d...