O enfermo e a solidão

Visitei o Hospital de Clínicas este sábado como parte de meu trabalho pastoral. quero me deter em uma irmã que visitei lá, a Cacilda.

Ela perdera a perna direita em um acidente onde o carro a atingiu na calçada, em frente de sua casa. A perna foi arrancada na batida. Seu filho de 5 anos teve 9 pontos na cabeça. Praticamente não teve nada. Ele tem ainda outro filho adolescente, e seu marido.

É vendedora e anda muito, de forma que agora, sem uma perna, irá precisar se readaptar.

Dizia a mim que perguntava para Deus: "Porque eu?

Respondi-lhe que vivemos em um mundo em liberdade, e que a liberdade é uma condição da vida humana.

Caso contrário, estaríamos nós todos manipulados, e sem fazermos nada por nós próprios.

E a condição da liberdade é o risco de errarmos, e prejudicarmos a nós e a outros que estão à nossa volta.

Perguntei-lhe se tinha chorado.

Ela respondeu-me que se considerava uma vencedora, apesar de ter perdido a perna.

Confortei-lhe por um tempo e fomos embora depois.

Como é grande o sofrimento deste povo brasileiro.

Senti eu, sim, vontade de chorar, quando saí do HC. 

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