Monteiro Lobato deve ser analisado com os olhos de 1938

Uma carta de Monteiro Lobato em apoio  à Ku Klux Klan, destilando toda sorte de preconceitos contra a comunidade negra põe em xeque um ícone da litertura infantil brasileira.

O personagem da "Tia Anastácia" já retratava esta dominação racista, embora historiadores circunscrevam esta figura ao modus vivenda da casa grande, da Fazenda, onde a ama de criação convivia junto desde a infância, como outro filho, não sem as discriminações que sofria, e ao envelhecer ia paulatinamente assumindo as funções domésticas.

Em minha própria família existiu a "Nêga", filha de criação de meus avós, a quem tratei como tia desde pequeno, e foi muito querida de todos. Era costume "humanista" este gesto de adoção.

Os outros personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo vão em sentido contrário, mostrando irreverência e uso impensado da liberdade, próprios da liberdade e da democracia multipolar de hoje.

A defesa do petróleo e as manifestações racistas dão conta de um nacionalismo de direita, no rumo do nazi fascismo, muito comum naqueles anos de 1938, quando a carta foi redigida.

O ano de !938 e véspera da Segunda Grande Guerra, e o pensamento da raça pura, permeava também a elite brasileira com o movimento integralista de Plínio Salgado.

Muitos comunistas estavam presos, e o regime no Brasil era aliado de Hitler.

Este deve ser o cenário a ser lido.

Deve-se criticar Monteiro Lobato, sem dúvida pelos seus pensamentos racistas, mas não com os olhos de hoje, pois estaríamos acrescentando bestialidade a mais ao autor, quando, na visão da época, tinha até mesmo respaldo social, o seu pensamento, ainda que racista, já na época.

Deve-se fazer outros comparativos. A África estava colonizada pelas potências da época. Os EUA sequer colocavam os negros no serviço militar, pois eram intensamente discriminados em vários estados do sul.

Graças a Deus os tempo são outros e podemos identificar este lado ruim do contista da literatura infantil, mas não o seu trabalho como literato como um todo

Se assim fizermos estaremos realizando outra discriminação racial, via literatura.

O Brasil de hoje não é um Brasil revanchista, ao contrário, é um Brasil da Anistia Ampla Geral e Irrestrita. È assim que deve ficar a memória de Lobato.

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