Pular para o conteúdo principal

A democracia brasileira tem poder para julgar o Comandante do Exército?

Esta é uma questão difícil de se responder, porque a democracia brasileira, conquistada nas ruas pelo povo brasileiro, ainda que as novas gerações não saibam, realizou-se através de uma estratégia de recuo estabelecida pelo General Golberi, no sentido de proteger  a corporação de qualquer ataque posterior.

Alguém sabe dos documentos sobre as prisões, onde se saberia das torturas realizadas na época, e mesmo das mortes, explicadas como desaparecimentos, ou fugas que redundaram em morte?

Segundo o Ministro Nelson Jobin, eleitor confesso de Serra, mas Ministro da  Dilma(sic), eles não existem mais. 

Acredito neste fato, simplesmente por aceitar que ninguém deixará provas de sua barbárie. Seria uma grande ingenuidade, ou burrice. Como nenhuma coisa nem outra, faz parte das Forças Armadas, penso que estes documentos já foram queimados, viraram pó, como tudo.

Com o desaparecimento da oposição ao Governo, a mídia passou a fazer este papel auxiliar, enveredando-se ora em requentar fatos antigos, ora em criar fatos novos dando-lhes novas dimensões.

O tema é o de sempre: procurar vincular o Governo à corrupção, e à partir daí gerar uma crise, e incentivar a paralisação da gestão Dilma.

Foi sob esta batuta que ocorreu o Golpe Militar de 1964, isto é, contra o comunismo e a corrupção. Vivíamos, na época, sob um mundo ainda bipolarizado entre a URSS e os EUA, mais a sombra do Macartismo ainda muito presente, gerando ambiente de desconfiança e perseguição.

As Forças Armadas tornaram-se na época o baluarte desta luta.

Por isso, agora, é até um certo ponto surrealista ver a caça voltar-se contra o caçador. 

É inimaginável pensar-se que o Exército brasileiro esteja envolvido em corrupção, mas os fatos apontam para um Comandante do Exército, General Enzo Martins Peri,  e sete Generais investigados pela Procuradoria-Geral da Justiça Militar por suspeita de participarem de fraudes em obras do Exército, como aponta reportagem deste domingo da Folha.

Esta é uma investigação que já vinha sendo feita há algum tempo, mas pegou carona nas descobertas de desvios no Ministério dos Transportes, que já provocou a saída de Ministros e diversos secretários.

Há um inquérito aberto com indícios de fraudes em 88 licitações do Exército para fazer obras do Ministério dos Transportes apontando desvios da ordem de R$11 milhões. Nos últimos 5 anos, somente no Dnit, que teve toda a diretoria afastada, o Exército recebeu R$ 104 milhões.

Investigações mostram que foram criadas por um Coronel e um Major, 6 empresas para entrar na concorrência do IME(Instituto Militar de Engenharia), com o dinheiro do Dnit.

Cabe perguntar se a Procuradora Geral da Justiça Militar, Sra. Cláudia Luz, terá condições para exercer uma investigação isenta de pressão, afinal os investigados correspondem aos seus superiores, a quem ela deve subordinção.

Tenho a opinião de que a corporação considera que qualquer acusação aos envolvidos, será considerada acusação a todas as Forças Armadas, pelos seu passado considerado incorrupto.

É, mas os tempos são outros, e crimes de corrupção, venham de onde vierem, devem ser investigados à fundo e punidos os culpados, não importando quem sejam.

Este é um bom teste para a nossa jovem democracia, em sua fase popular.

A mídia tem interesse objetivo de colocar as Forças Armadas contra o Governo Dilma.

Por isso está com os holofotes voltados para verificar se o Governo Dilma punirá a corrupção dentro do Exército.

Se punir, o governo poderá sair arranhado dentro da Força, e se não punir, será condescendente com a corrupção, e motivo de desgaste público.

No popular: Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come

De qualquer forma, será um bom teste democrático para o Brasil, que isentou os torturadores com a anistia irrestrita, e tem uma cumbuca onde ninguém põe a mão até hoje.

Só que corrupção também existia no período ditatorial, apenas não eram divulgada, mas que havia também havia.

A diferença é que hoje há liberdade de expressão, que gera a nossa indignação. Antes não se gerava nada, só mêdo.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...

O POVO DE RUA DE UBATUBA

 Nos feriados, a cidade de Ubatuba dobra o seu número de habitantes. Quando isso acontece, logo retiram os moradores em situação de rua, de seus locais, porque consideram que estes prejudicam a "imagem" da cidade. A questão é que os moradores de rua somente são lembrados quando são considerados prejudiciais à cidade. Não existe em Ubatuba uma política de valorização do povo de rua, capaz de diagnosticar o que impede eles de encontrar saídas dignas para suas vidas. Não existe sequer um local de acolhimento que lhes garanta um banho, uma refeição e uma cama. Saio toda semana para levar comida e conversar com eles.  Alguns querem voltar a trabalhar, mas encontram dificuldade em conseguir, tão logo sabem que eles vivem na rua e não possuem moradia fixa. Outros tem claro problema físico que lhes impede mobilidade. Outros ainda, convivem com drogas legais e ilegais.  O rol de causas que levaram a pessoa viver na rua é imenso, e para cada caso deve haver um encaminhamento de sol...

PEQUENO RELATO DE MINHA CONVERSÃO AO CRISTIANISMO.

 Antes de mais nada, como tenho muitos amigos agnósticos e ateus de várias matizes, quero pedir-lhes licença para adentrar em seara mística, onde a razão e a fé ora colidem-se, ora harmonizam-se. Igualmente tenho muitos amigos budistas e islamitas, com quem mantenho fraterna relação de amizade, bem como os irmãos espíritas, espiritualistas, de umbanda, candomblé... Pensamos diferente, mas estamos juntos. Podemos nos compreender e nos desentender com base  tolerância.  O que passo a relatar, diz respeito a COMO DEIXEI DE SER UM ATEU CONVICTO E PASSEI A CRER EM JESUS CRISTO SEGUINDO A FÉ CATÓLICA. Bem, minha mãe Sebastiana Souza Naves era professora primária, católica praticante,  e meu pai, Sólon Fernandes, Juiz de Direito, espírita. Um sempre respeitou a crença do outro. Não tenho lembrança de dissensões entre ambos,  em nada; muito menos em questões de religião. Muito ao contrário, ambos festejavam o aniversário de casamento, quando podiam, indo até aparecida d...