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O "EFEITO DATENA" em Ana Maria Braga, e Cia.

Estão mudando as programações dos canais de televisão.

Cada vez menos se tem notícias de variedades pelas manhãs, com assuntos sobre receitas de comidas, roupas de estações, programações culturais, horóscopos, etc, e cada vez mais se fala de noticiário policial.

São sequestros, explosões de caixas eletrônicos, assaltos praticados por motoqueiros na saída de bancos, desvio de verbas públicas, enfim, um sem número de crimes que deixam atônita a sociedade emergente brasileira.

É o novo Brasil pedindo passagem.

Não mais aquela sociedade bucólica do século XX, onde os crimes ainda tinham uma carga ética,  malgrado a maledicência.

Não, agora há uma multiplicidade de oportunidades de ilícitos, gerados pelo crescimento, somados à falta de formação ética e moral da deformada família brasileira.

Quem diria, em 64 a direita fez uma "Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade" para incentivar a derrubada de Jango.

Hoje deveria mudar o seu nome para "Marcha da meia família", e olhe lá!

Pena que a família seja usada pelo que há de pior na sociedade, para justificar golpes e perdas de direitos, como com a ditadura.

Voltando ao "Efeito Datena": a questão não é mais divulgar o excesso de crimes que estão ocorrendo, a sim em violentar a programação sobre a violência.

Importa enfurecer o telespectador, torná-lo revoltado com as situações de injustiça que ocorre por aí.

São se tem em mira, tornar o cidadão alguém equilibrado diante das injustiças, mas em desiquilibrá-lo também, como foi com o bandido.

É o tornar o público tão bandido quanto o bandido. em fazê-lo desejar crimes maiores para condenar o criminoso.

Nesta atmosfera, fica hilariante ver Ana Maria Braga, Caudete Troiano, e outras serem obrigadas a tratar destes assuntos, puxada que são pela mídia da criminalidade. Advogados convidados, incitam o público contra os criminosos, fmílias atingidas expõe suas feridas. 

Elas bem que se esforçam em dar um tom emenos violento para a ferocidade dos assuntos, mas ao final, também se rendem perguntando como ficarão os responsáveis por estes atos, e a impunidade,  com um convite a também desejarmos fazer justiça com as próprias mãos.

Ninguém escapa desta onda de noticiários violentos do "Efeito Datena".

Quanto mais sangue, melhor.

Fica uma pergunta no ar. A paz não é o fator mais marcante em tudo isso? Porque então enfatizar-se o mal, só para ter IBOPE?

Adeus pureza espiritual, adeus esperança em um mundo melhor, adeus ao amor, à justiça, ao perdão.

A sociedade se desenobrece, se desvirtua nos seus valores melhores, se contamina com a violência que combate.

Lembro-me de um pensamento de Brecht, onde o grande pensador se lamentava por ter se tornado violento, ao combater a violência nazista.

Que isto sirva de lição a cada um de nós, na defesa de uma paz para o mundo, que obrigatoriamente, passa por um paz pessoal, interior, para poder suportar toda sangria desatada.


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