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Religião deve ser reguladora do Estado, ou de foro íntimo, pertinente apenas ao indivíduo?

Estes dias, lendo um artigo de Mariana Poloni, Ateus e agnósticos podem desacreditar ou duvidar de Deus?, publicado no vermelho por Carlos Pompe, tive a oportunidade de ler os diversos comentários dos leitores, entre eles o de um neo muçulmano que deixou o seguinte recado:

Graças a DEUS !!!!!!!!!



12/07/2011 13h23

Esse conflito Espirito/Materia é tipicamente Cristão e ocidental. Graças a DEUS que eu sou muçulmano, e no Isla não existe essa coisa de "" dar a Cesar o que é de Cesar e a DEUS o que é de DEUS , pois tudo pertence a DEUS "".Aprendemos também que religião não pode ser imposta a ninguem e sim divulgada principalmente atravez do comportamento e atitude pessoal. Neste caso como ser muçulmano na mesquita e incredulo nas outras esferas da vida ????? Eis o dilema cristão......
Irineu Dourado Oliveira
Sao Paulo - SP


Este comentário deseja expressar uma limitação das palavras de Jesus, fato desculpável para quem não tem capacidade de entendimento da mensagem, que obviamente é de que a opressão econômica, a tirania, que é de Cesar fique com Cesar, mas a solidariedade, o amor ao próximo, a justiça completa, e a verdade ficam com Deus.

A grande diferença entre o islamismo e o cristianismo, está no fato de que o cristianismo, ainda que busque influir na vida política, é antes de tudo uma rligião de foro íntimo, religião de conversão, e o islamismo, por outro lado, tem uma presença forte no Estado, definindo as leis conforme a Sharia, código de leis deixado para ser imposto pelo estado islâmico a todos. O islamismo, neste sentido, não é uma religião de foro íntimo, de conversão, mas de obediência a leis.

Esta questão já foi resolvida há dois mil anos por Paulo apóstolo, o nosso São Paulo, particularmente na carta aoa Romanos, onde ele apresenta com propriedade que a fé, e não as leis, é o que importa. Se Deus pode estar presente dentro do indivíduo, então, a lei perde importância e é substituída de maneira completa, pela fé.

Aí está porque o cristianismo desde os primórdios sobreviveu aos vários Estados, com grande perseguição e morte de milhares de cristãos,  até ser considerado, junto a outras crenças, uma religião oficial, por Constantino.

O islamismo, nos dias de hoje, coloca uma mordaça no pescoço dos povos que lhe são sujeitos, através da chamada sharia, que são normas de vida islâmicas, colocadas como leis constitutivas do estado, e tornadas obrigatórias a todos, mesmos aos que não professam esta fé nem pertencem a esta religião.
 
Aqui no Brasil, os cristãos travam uma batalha em defesa dos direitos do homens e da mulheres, que acreditam estejam sendo reduzidos com as leis contra a homofobia, defendida pelos homossexuais, lésbicas, trans sexuais, e outros. Pode-se concordar aqui e discordar ali. O que não se pode é deixar de reconhecer que há liberdade de expressão política sobre o assunto, sem nenhum cerceamento.
 
Isto jamais acontece sob um estado islâmico. Lá, já há a condenação pura e simples do homossexualimo.
 
O estado islâmico pode estar com todas estas características que ocorrem no ocidente, mas não pode mostrar. Vive da aparência, como se tudo fosse certinho.
 
O fato concreto é que sob o islamismo a democracia moderna sequer tem uma brisa, pois encontra-se amordaçada em leis que engessam o cidadão em normas, uma verdadeira prisão. O islamismo limita a democracia moderna. Este é um desafio que deixa a todos observando a onda revolucionária que sacudiu o oriente médio, se traria alguma alteração neste aspecto. Também a turquia é um estado que parece estar conseguindo manter uma convivência de certa forma autônoma entre o estado moderno e a religião islmâmica. No restante do mundo islâmico, entretanto, a situação é de estados não democráticos, nos moldes ocidentais, de laicismo, liberdade religiosa, e de costumes.

Não estou fazendo uma defesa também do estado democrático ocidental.

Vejo neste, hoje uma profunda degradação de valores, que corrompe até os defensores do estado, em seu ânimo, ao verem sob suas barbas, acontecer ladroagem e corrupção.

Mas é, sem sombra de dúvida um estado mais aberto e livre, onde todos os segmentos têm possilidade de expressão política.
 
O cristianismo não se impõe, mas se põe, como saída para as questões mais íntimas do ser: Porque vivo? Existem razões para eu estar vivo? Até quanto eu me conheço? O que é a vida?
 
O cristianismo sobrevive até sob o estado laico, e na sociedade perversa, na degradação de valores, nas perseguições, porque não depende de leis para existir, mas de explicações e buscas interiores, que impulsionam o indivíduo para transformar o mundo ao seu redor.
 
Quanto aos ateus e agnósticos, gosto de uma frase de Soren Kierkegaard, teólogo protestante, quando afirma que "os ateus são pessoas que mantém Deus sempre muito próximo, de tanto recusá-lo".

O materialismo moderno é muito mais um materialismo do ter do que do ser. Quer encher a barriga, vestir-se, morar, mas não quer perguntar a si mesmo se é feliz, se ama, ou condói com o irmão ao lado sofrendo. Materialismo cômodo, materializando mesmo a Deus, tornando-o um produto de soluções mágicas, destituindo Deus de sua divindade, e fabricando-o como produto de ocasião, conforme as necessidades.

Há uma decadência da espiritualidade pós moderna. Ela é trocada se não resolve, como a qualquer produto que não tem liderança de mercado. É refeita para ajustar-se à busca que se  quer.

Deus está deixando de ser Deus, e está tornando-se objeto de mimo de grãfinas, de pobres desesperados, manipulado aqui e ali.

Estão matando a Deus.

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