"O bem que eu quero, não faço...

...e o mal que não quero, este faço". Esta afirmação de São Paulo é o retrato de minhas grandes contradições.

Muitas vezes me programo para fazer uma atividade, que possa resultar em ajuda a terceiros, e quando vejo, nem fiz o programado, e ao invés disso, tive outras atitudes que pouco me honram.

Nesta sexta feira, 15/07/2011, estive visitando o povo de rua, à noite, no centro da cidade. Imensa é a quantidade de pessoas vivendo nas ruas.

Encontrei de tudo: os bêbados que mal conseguem andar, e em qualquer alteração do piso, caem. Outros, sequer conseguem articular palavras. Alguns desconfiados. Rapazes e moças, jovens saudáveis, sem oportunidades, talvez sujeitos às drogas.

Também encontro os que se preservam de bebidas e drogas, e mantém um esquema de vida regular e equilibrado.

Há os que desejam e os que não desejam sair desta vida de rua.

Há muita igreja visitando este povo nas noites,trazendo cobertores, comida e roupas.

Apesar disto, soube que dois moradores de rua do centro, imediações da Sé, morreram de frio, nestas noites gélidas paulistanas.

Penso que, um pai de família, que vive do salário, para o sustento das despesas gerais da casa, deve ter muito mais dificuldade e passar por privações, às vezes maiores que o morador de rua, que de uma forma ou outra recebe alimento e comida.

Isto não que dizer que o povo de rua viva bem, pois vejo muitos que se entregam em tal decadência, que nem se alimentam nem se vestem direito.

Existem moradores que já estão cheios de nossa presença, porque são assediados por tantas igrejas e seitas, tendo de se "adaptar", para conseguir algo, que, quando chegamos, eles já estão com o saco na lua, com quem quer que seja.

Pois bem, hoje, 17/07/2011, indo para a Igreja para o meu ministério de musica, passei por dois moradores de rua que me pediram dinheiro.

Não lhes dei o dinheiro, porque, sabe-se lá, não reforcei uma dependência.

Depois, já dentro da Igreja, vi o segurança retirando um pedinte, arrastado e gritando pela forma como estava sendo expulso.

Não me lembro de ter visto tal cena como esta em todos estes anos que frequento a Igreja, mas tenho a dizer, que envergonhei-me.

Existem várias formas de se contornar constrangimentos, se este for o caso.

O que não se pode é fazer o inverso que a nossa doutrina prega, de amor ao próximo. Aí o bicho pega.

Volto às palavras de São Paulo: "O bem que quero não faço, e o mal que não quero, este faço".

Senhor, Tenha misericórdia de mim e de toda a Igreja!

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