Pular para o conteúdo principal

Hoje não houve notícias






Os vitoriosos não sairão
cantando pelas ruas.

Os derrotados
não abandonarão
suas casas.

As manchetes
serão desprezadas.

Tudo porque
as notícias
deixaram
de ter
importância.

Queriam um justo ferido?
Uma inocente estuprada?
Um sequestro?
 Atentado?

Queriam motivos
para evitar
um encontro
pessoal?
Perderem-se
no trivial?

Pois bem
a consciência
cansou-se.

Os terroristas
não aterrorizam mais.

Os corruptos
não nos tornam
mais indignados.

Os políticos
 nos nos convencem
do vazio.

Ficaram em seus discursos
 fanatismos
 golpes.

Ficaram
em molduras
póstumas,
vocabulários
requintados
futuros desejados.

O presente
inexistente
de um futuro
ansiado.

Um passado
resistente
de um presente
cansado

Para ter estas novidades
melhor não ter nada
diante da vida.

A vida
 conserva
uma superioridade
que destrona
conflitos
guerras.

Iguala-se
ao calor
das tardes
quentes

A vida não se sujeita
à violência
ao abandono.

Busca a paz
e o encontro.

Vivo, hoje 
um mundo
sem notícias.

As grandes
apelações
esperanças
mentiras
estão destinadas
ao lixo da História.

É preciso repor o sol
na colina mais elevada
e sustentá-lo
com varais
e roupas
por secar.

Espalhar os rios
nos contornos de seus leitos
para que enxaguem
o rosto da terra
ressequido.

assoprar nos vales
o hálito
das flores
do campo
e despertar os moinhos
de seu sono
milenar.

A vida
proclama
a simplicidade
a paz
 o silêncio.

A vida
conclama
aos jornais
 estamparem
páginas
em branco.





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Soneto de Dom Pedro Casaldáliga

Será uma paz armada, amigos, Será uma vida inteira este combate; Porque a cratera da ... carne só se cala Quando a morte fizer calar seus braseiros. Sem fogo no lar e com o sonho mudo, Sem filhos nos joelhos a quem beijar, Sentireis o gelo a cercar-vos E, muitas vezes, sereis beijados pela solidão. Não deveis ter um coração sem núpcias Deveis amar tudo, todos, todas Como discípulos D'Aquele que amou primeiro. Perdida para o Reino e conquistada, Será uma paz tão livre quanto armada, Será o Amor amado a corpo inteiro. Dom Pedro Casaldáliga

UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO

 Acabo de vir do Largo de Pinheiro. Ali, na Igreja de Nossa Senhora de M Montserrat, atravessa  a Cardeal Arcoverde que vai até a Rebouças,  na altura do Shopping Eldorado.   Bem, logo na esquina da igreja com a Cardeal,  hoje, 15/03/2024, um caminhão atropelou e matou um entregador de pão, de bike, que trabalhava numa padaria da região.  Ó corpo ficou estendido no chão,  coberto com uma manta de alumínio.   Um frentista do posto com quem conversei alegou que estes entregadores são muito abusados e que atravessam na frente dos carros,  arriscando-se diariamente. Perguntei-lhe, porque correm tanto? Logo alguém respondeu que eles tem um horário apertado para cumprir. Imagino como deve estar a cabeça do caminhoneiro, independente dele estar certo ou errado. Ele certamente deve estar sentindo -se angustiado.  E a vítima fatal, um jovem de uns 25 anos, trabalhador, dedicado,  talvez casado e com filhos. Como qualquer entregador, não tem direito algum.  Esta é minha cidade...esse o meu povo

Homenagem a frei Giorgio Callegari, o "Pippo".

Hoje quero fazer memória a um grande herói da Históra do Brasil, o frei Giorgio Callegari. Gosto muito do monumento ao soldado desconhecido, porque muitos heróis brasileiros estão no anonimato, com suas tarefas realizadas na conquista da democracia que experimentamos. Mas é preciso exaltar estas personalidades cheias de vida e disposição em transformar o nosso país numa verdadeira nação livre. Posso dizer, pela convivência que tive, que hoje certamente ele estaria incomodado com as condições em que se encontra grande parte da população brasileira,  pressionando dirigentes e organizando movimentos para alcançar conquistas ainda maiores, para melhorar suas condições de vida. Não me lembro bem o ano em que nos conhecemos, deve ter sido entre 1968 e 1970, talvez um pouco antes. Eu era estudante secundarista, e já participava do movimento estudantil em Pinheiros (Casa do estudante pinheirense - hoje extinta), e diretamente no movimento de massa, sem estar organizado em alguma escola,