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As conseqüências do casamento inter-religioso



Uma das informações sugestiva obtida neste estudo é o de que as Igrejas que não aceitam casamentos fora dela tendem a crescer menos.
Apesar de não responder algumas perguntas.como as escolhas dos filhos, este estudo é interessante.
Ensaio revela taxas mais altas de separação e divórcio e maior declínio na prática religiosa em casais de religiões diferentes
Por John Flynn, LC
ROMA, 15 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Na última década, nos Estados Unidos, 45% de todos os casamentos foram celebrados entre pessoas de diferentes credos religiosos.
Um livro recém-publicado pela Oxford Press, Til Faith Do Us Part: How Interfaith Marriage is Transforming America [Até que a fé nos separe: como o casamento inter-religioso está transformando os Estados Unidos], Naomi Schaefae Riley investiga os efeitos deste fenômeno na vida conjugal e na prática religiosa.
A autora escreve sobre o assunto com conhecimento de causa: sua família e sua educação são judaicas, mas ela é casada com um cidadão afro-americano criado numa comunidade de Testemunhas de Jeová (ele abandonou aquela religião ainda na faculdade).
Baseando-se em vários estudos e pesquisas, Riley observou que o lado positivo dos casamentos inter-religiosos é o fato de que muitas religiões diferentes estão se tornando parte integrante da sociedade americana. A desvantagem é a realidade muitas vezes infeliz e instável desse tipo de casamentos.
Um dos principais problemas detectados pela estudiosa é que "casais de religiões diferentes tendem a não pensar nas implicações das suas diferenças de crença". Riley evoca uma pesquisa de 2001, que revelou que 27% dos judeus, 23% dos católicos, 39% dos budistas, 18% dos batistas, 21% dos muçulmanos e 12% dos mórmons se casaram com uma pessoa de identidade religiosa diferente.
Outra tendência interessante identificada pela autora é a maior freqüência de casamentos inter-religiosos entre casais mais maduros. De acordo com um levantamento da própria Riley, o percentual de casamentos inter-religiosos foi de 58% na faixa de 26 a 35 anos de idade, 10% a mais em comparação com os casais mais jovens.
O período entre o momento em que um filho deixa a família e a data do seu próprio casamento é geralmente um "tempo morto em termos de vida religiosa", diz Riley. Muitas vezes, o casamento coincide com o momento em que os adultos voltam para a igreja.
A pesquisadora diz ainda que muitas pessoas sentem que é importante que os casais compartilhem os mesmos valores, independentemente da religião que professam. O conceito de valores compartilhados, porém, é uma ideia muito vaga: Riley se pergunta se esta é uma base sólida para se construir um casamento feliz.
A substância e a especificidade dos valores vêm da religião, mas, acrescenta ela, “muitos membros de casais inter-religiosos simplesmente param de praticar assiduamente os ritos da sua religião para evitar problemas. Quem se casa com uma pessoa de fé diferente tende a viver a própria fé mais superficialmente, quando não a perde completamente", diz Riley.
No entanto, continua ela, "a fé é uma faca de dois gumes" e eventos como o nascimento de uma criança, a morte de um ente querido ou a perda do emprego podem desencadear o desejo de voltar à fé em que se cresceu.
Mesmo sendo a fé um fator importante na vida de uma pessoa, o que se destaca na análise de Riley é a falta de uma discussão séria entre os cônjuges sobre as suas perspectivas a propósito da religião. A autora descobriu que mais da metade dos casais inter-religiosos nunca discute antes do casamento sobre qual religião transmitirão aos filhos.
Por que isso acontece? Por causa da tendência atual a promover a tolerância e a não-discriminação? Porque as pessoas não consideram a religião como um fator determinante nos seus relacionamentos afetivos?
O fenômeno traz consequências também para os filhos. Uma pesquisa de 2006 mostra que 37% das pessoas que crescem com pais de diferentes religiões participa de práticas religiosas semanais, enquanto as crianças cujos pais professam a mesma religião elevam esse percentual a 42%.
Uma influência importante se relaciona com a variável de os pais terem decidido ou não educar os filhos numa religião em particular. Se isso acontece, e se o pai ou mãe que compartilha a fé com o filho a pratica de fato, as crianças são mais propensas a praticar essa fé.
No que diz respeito ao divórcio, Riley conclui que os casamentos religiosamente mistos correm maiores riscos. Uma pesquisa realizada em 2001 mostrou que, dos 35.000 entrevistados, os casais mistos eram três vezes mais propensos à separação ou ao divórcio do que os casais de fé homogênea.
Muitos líderes religiosos consultados por Riley aconselham o casamento com pessoas da mesma fé, seja para a preservação da própria fé, seja para a solidez do casamento.
Em seu capítulo final, o livro de Riley propõe que o casamento inter-religioso "é muitas vezes uma história de concorrência leal". As pessoas podem deixar de lado a sua vida religiosa durante muitos anos, mas a filiação religiosa original costuma ressurgir.
A tendência ao casamento inter-religioso continua a crescer, admite Riley, e não mostra sinais de enfraquecimento. Além do impacto sobre os casais, essa tendência terá um impacto sobre as comunidades religiosas. Muitas delas experimentarão um declínio numérico, prevê Riley, especialmente as que não aceitam facilmente o casamento inter-religioso.
Uma recomendação da pesquisadora é que os futuros esposos, com o apoio das respectivas comunidades religiosas, discutam mais detalhadamente as suas diferenças de crença. Uma dica muito útil, em vista dos problemas concretos que Riley encontrou ao longo da sua pesquisa.

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