Pular para o conteúdo principal

A teologia da vassoura

Retirei do amigo Prosdócimo, que tem a missão de divulgar Santa Teresa D'Ávila


Teresa  e a vassoura
Dizia Teresa que o "contemplativo é uma pessoa diligente", operante, fecunda no dinamismo.
Ribera, o biógrafo da santa, nos conta que, certa vez após ter varrido o pátio, Teresa perguntou às irmãs que estavam a sua volta:
Qual é o modelo de um perfeito carmelita?

Choveram respostas. Ninguém, porém acertou, Foi preciso que Teresa explicasse:
Todos: “O modelo de um cristão perfeito é a vassoura”!
Ocasionalmente, na mesma hora, apareceu uma irmã trazendo uma vassoura com laçarotes de fita. Foi acolhida por espontâneas gargalhadas.
A santa prosseguiu, tentando explicar a “teologia” da vassoura, na sua docilidade e disponibilidade para servir. Como tudo ela faz sem murmurar, sem mostrar preferencia pelos lugares importantes que varre. A tudo se presta a vassoura. Se a obra está mal feita, recomeça. Se termina o trabalho, e a esquecem num canto, ela permanece imperturbável. Se o cabo se desloca, é rebatido ao chão e, sem escutar a dor, a fadiga, prossegue sua caminhada. Uma vez tudo pronto, ela é esquecida, sem ressentimentos ou esperanças de reconhecimento ou exaltação.
Todos: Admiremos, sobretudo, duas qualidades que a vassoura parece nos pregar; servir em paz e não se perturbar nem zangar. É senhora de si. Se a gente quiser imitar a vassoura, quanto sacrifício terá que fazer!
Uma mensagem muito bela que nos dá a vassoura é a do seu silêncio. E a Santa fala do silêncio de Deus diante dos pecados do mundo. Do silencio do Verbo Encarnado, nos 30 anos que precederam sua vida pública. Do silêncio dos corações abrasados de zelo pela salvação dos homens, que permanecem em aparente falta de ação, imposta pela vontade de Deus. Do silêncio dos doentes, a quem os sofrimentos tiram as forças e que, crucificados, se calam. Do silêncio daqueles que rezam cujo dinamismo está na passividade de uma entrega total.
Como percebemos, a vassoura que Teresa trazia nas mãos sabia varrer o reino de Deus, de todas as coisas que saindo do coração, podem manchá-lo. A vassoura se parece muito com sua dona. Sempre pronta a servir a Deus e ao próximo. Nunca se colocando em evidencia. Mas, sobretudo, a vassoura nos fala de seu espírito apostólico e missionário, através de um serviço que é ao mesmo tempo silêncio e contemplação profunda.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...

O POVO DE RUA DE UBATUBA

 Nos feriados, a cidade de Ubatuba dobra o seu número de habitantes. Quando isso acontece, logo retiram os moradores em situação de rua, de seus locais, porque consideram que estes prejudicam a "imagem" da cidade. A questão é que os moradores de rua somente são lembrados quando são considerados prejudiciais à cidade. Não existe em Ubatuba uma política de valorização do povo de rua, capaz de diagnosticar o que impede eles de encontrar saídas dignas para suas vidas. Não existe sequer um local de acolhimento que lhes garanta um banho, uma refeição e uma cama. Saio toda semana para levar comida e conversar com eles.  Alguns querem voltar a trabalhar, mas encontram dificuldade em conseguir, tão logo sabem que eles vivem na rua e não possuem moradia fixa. Outros tem claro problema físico que lhes impede mobilidade. Outros ainda, convivem com drogas legais e ilegais.  O rol de causas que levaram a pessoa viver na rua é imenso, e para cada caso deve haver um encaminhamento de sol...

PEQUENO RELATO DE MINHA CONVERSÃO AO CRISTIANISMO.

 Antes de mais nada, como tenho muitos amigos agnósticos e ateus de várias matizes, quero pedir-lhes licença para adentrar em seara mística, onde a razão e a fé ora colidem-se, ora harmonizam-se. Igualmente tenho muitos amigos budistas e islamitas, com quem mantenho fraterna relação de amizade, bem como os irmãos espíritas, espiritualistas, de umbanda, candomblé... Pensamos diferente, mas estamos juntos. Podemos nos compreender e nos desentender com base  tolerância.  O que passo a relatar, diz respeito a COMO DEIXEI DE SER UM ATEU CONVICTO E PASSEI A CRER EM JESUS CRISTO SEGUINDO A FÉ CATÓLICA. Bem, minha mãe Sebastiana Souza Naves era professora primária, católica praticante,  e meu pai, Sólon Fernandes, Juiz de Direito, espírita. Um sempre respeitou a crença do outro. Não tenho lembrança de dissensões entre ambos,  em nada; muito menos em questões de religião. Muito ao contrário, ambos festejavam o aniversário de casamento, quando podiam, indo até aparecida d...