Poeta da Revolução Constitucionalista de 1932. Combatente na Revolução Constitucionalista de 1932 e exilado em Portugal, após o final da luta, foi homenageado com a Medalha da Constituição, instituída pela Assembléia Legislativa de São Paulo. Sua obra maior de amor a São Paulo foi seu poema Nossa Bandeira. Ainda, o poema Moeda Paulista e a pungente Oração ante a última trincheira. É proclamado "O poeta da Revolução de 32". Escreveu a letra do "Hino Constitucionalista de 1932/MMDC", O Passo do Soldado, de autoria de Marcelo Tupinambá, com interpretação de Francisco Alves.4
É de sua autoria a belíssima letra da Canção do Expedicionário com música de Spartaco Rossi, referente à participação dos pracinhas brasileiros na Segunda Guerra Mundial.
Autor da letra do Hino da Televisão Brasileira, executado quando da primeira transmissação da Rede Tupi de Televisão, realizada por mérito de seu concunhado, o jornalistaFrancisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo.
Foi presidente da Comissão Comemorativa do Quarto Centenário da cidade de São Paulo.
Encontra-se sepultado no Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 1932, no parque do Ibirapuera, na cidade de São Paulo, ao lado de Ibrahim de Almeida Nobre, o "Tribuno de 32", dos despojos dos jovens conhecidos pela sigla M.M.D.C. (Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Américo Camargo de Andrade), e do caboclo Paulo Virgínio.
Casa Guilherme de Almeida
Guilherme de Almeida mudou-se para o local em 1946, um sobrado na rua Macapá, no Pacaembu, em São Paulo. Era chamado carinhosamente por ele como a "Casa da Colina"5 . E ele a descreveu: "A casa na colina é clara e nova. A estrada sobe, pára, olha um instante e desce". Nela, o poeta viveu até 1969 e nela faleceu. Lá, os saraus eram bem animados, como lembra o poeta Paulo Bomfim. Também estavam sempre presentes os amigos Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Noemia Mourão, René Thiollier, Saulo Ramos, Roberto Simonsen, Carlos Pinto Alves e tantos outros. A casa, em 1979, tornou-se o Museu Casa Guilherme de Almeida, pertencente à Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, tendo sido "tombado como museu biográfico e literário" pelo Conpresp, em maio de 2009. O museu conta com importante acervo de obras de arte: quadros de Di Cavalcanti, Lasar Segall e Anita Malfatti, as primeiras edições dos livros do poeta, entre seis mil volumes no total, além de mobiliário, peças pessoais e relíquias da Revolução de 1932.
NOSSA BANDEIRA
Bandeira da minha terra,
Bandeira das treze listas:
São treze lanças de guerra
Cercando o chão dos paulistas!
Prece alternada, responso
Entre a cor branca e a cor preta:
Velas de Martim Afonso,
Sotaina do Padre Anchieta!
Bandeira de Bandeirantes,
Branca e rôta de tal sorte,
Que entre os rasgões tremulantes,
Mostrou as sombras da morte.
Riscos negros sobre a prata:
São como o rastro sombrio,
Que na água deixara a chata
Das Monções subido o rio.
Página branca-pautada
Por Deus numa hora suprema,
Para que, um dia, uma espada
Sobre ela escrevesse um poema:
Poema do nosso orgulho
(Eu vibro quando me lembro)
Que vai de nove de julho
A vinte e oito de setembro!
Mapa da pátria guerreira
Traçado pela vitória:
Cada lista é uma trincheira;
Cada trincheira é uma glória!
Tiras retas, firmes: quando
O inimigo surge à frente,
São barras de aço guardando
Nossa terra e nossa gente.
São os dois rápidos brilhos
Do trem de ferro que passa:
Faixa negra dos seus trilhos
Faixa branca da fumaça.
Fuligem das oficinas;
Cal que s cidades empoa;
Fumo negro das usinas
Estirado na garoa!
Linhas que avançam; há nelas,
Correndo num mesmo fito,
O impulso das paralelas
Que procuram o infinito.
Desfile de operários;
É o cafezal alinhado;
São filas de voluntários;
São sulcos do nosso arado!
Bandeira que é o nosso espelho!
Bandeira que é a nossa pista!
Que traz, no topo vermelho,
O Coração do Paulista!
Quando eu era jovem, lembro-me bem de minha mãe, orgulhosa mostrar-me seu caderno de colégio, com um poema escrito pelo próprio Guilherme de Almeida.
Hoje entendo como devia ser forte a presença deste poeta sobre a geração de minha querida mãe.
Já com uns 17 anos, tendo dificuldade com o latim, no clássico, e visitando um amigo que morava em frente ao poeta na rua Macapá, coincidiu que encontrá-lo a passear pela calçada com o seu pequinês de nome Ling-ling.
Abordei-o, colocando o meu problema a ele.
Lembro-me que ele até fez um artigo num jornal da época sobre o meu caso (não me lembro do jornal, mas não era a Folha nem o Estado. Talvez o Diário Popular, ou outro assim).
A lição desta matéria do velho Clássico, era a de fazer a versão para o latim da Banda de Chico Buarque de Holanda.
A solução definitiva veio com os seminaristas dominicanos, que fizeram a versão para mim: Frustram eram in vita, aor meus me vocavit, ut videat bandam eutem, canentem res de amore.
Não preciso nem dizer que este meu latim continua tão precário como na época.
O importante foi a amizade que fiz com Guilherme de Almeida.
Enquanto ele morava na rua Macapá, como ele dizia "em cima do monte do Pacaembu" eu morava na Cardoso de Almeida 1600, no ponto final do ônibus elétrico.
Da varanda de Casa era possível ver o fundo da casa de Guilherme de Almeida.
Sua casa ainda hoje tem lá o sótão onde o poeta se refugiava noite afora.
Notava, de casa, que a luz do sótão permanecia acesa até altas horas da noite, adentrando não poucas vezes pela manhã. Eu também era um notívago.
Nossa amizade, tão distinta da idade e do conhecimento, adentrou-me para um mundo diferente daquele provinciano do viver em si.
Uma ocasião ele convidou-me para ir a sua casa.
Lá ofereceu-me café.
Ling-ling continuava como sua companhia indispensável.
Perguntou-me como queria o café: forte ou fraco?
Foi a primeira vez que vi café ser oferecido junto a um bule de água quente.
Assim ele temperava o café ao gosto da visita.
Era um homem de baixa estatura, semblante aberto, e humor permanente e discreto, possuído de elevada erudição, ao mesmo tempo em que se rebaixava para as mais rotineiras circunstâncias e triviais assuntos, dando a mesma importância para qualquer ato.
Contava-me que ao longo do dia, lia artigos, matérias de jornais, passeava, ia em busca de material para sua produção intelectual.
Já à noite, dirigia-se para o sótão, com uma garrafa de Whisky.
E saboreando a bebida (ele nunca pareceu-me ser um alcoólico, mas um degustador) punha-se a escrever.
Parece que por ali mesmo ele dormia, sentado em volta dos escritos... é como o imagino neste instante.
Para sua surpresa, seus escritos não tinham nenhuma semelhança com toda a investigação que fizera anteriormente. Isto me faz pensar que possuída notória curiosidade espiritual
Bem fico aqui com esta pequena lembrança que tenho deste importante poeta, o Príncipe dos Poetas.
Espero que tenham gostado.
Ah...os dominicanos depois, ensinaram-me a se gauche na vida
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