EVIDENTE

Há um acordo
coletivo
de se manter
silêncio

Todos sabem
o que se passa
no interior
da multidão 
que circula
nas veias
da cidade.

Um acordo
cúmplice,
que ignora
a simples
verdade
estampada
nas faces
das ruas,
declarada.

Desnecessário dizer,
evidente.

Porque
há um acordo
coletivo
não selado
que todos 
sabem,
de se manter
silêncio.

O estômago
ronca,
as mãos
rogam,
os olhos 
umedecem
a boca
fecha.

Desnecessário dizer,
evidente.


(Poema "Evidente", do livro "Gota Serena")

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