Pular para o conteúdo principal

Mais de 800 milhões ainda passam fome no mundo

XIX Assembleia Nacional da Cáritas Brasileira discute temáticas relacionadas à fome e a pobreza
BRASíLIA, 18 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Começou na noite desta quinta-feira (17), a XIX Assembleia Nacional da Cáritas Brasileira que discute em Brasília (DF), temáticas relacionadas à fome e a pobreza no Brasil e no mundo. A mesa de abertura contou com a participação de Alan Bojanic Helbingen, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, e dom Mauro Morelli, bispo emérito da Diocese de Duque de Caxias (RJ) e presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional e Sustentável de Minas Gerais (CONSEA/MG).
De acordo com Helbingen, hoje, 842 milhões de pessoas ainda passam fome no mundo, ou seja, uma em cada oito. Dentre os "objetivos do milênio" para serem atingidos até 2015 estabelecidos pela FAO, a prioridade número um é a redução pela metade da pobreza e da fome da população com renda inferior a um dólar por dia. "De 1990 para reduzimos a fome proporcionalmente de 19% para 12%. A América Latina reduziu de 15% para 7,9% e até 2015 deve atingir a meta. A África Subsariana continua sendo a região com maior prevalência de subnutrição no mundo", destacou.
Helbingen salientou ainda que a segurança alimentar da população, segundo a FAO, é definida em quatro aspectos: disponibilidade de alimentos, acesso econômico, utilização e estabilidade do tempo, sendo que a questão do acesso foi destacado como fundamental para a erradicação da pobreza no mundo. "A FAO está trabalhando com ênfase no acesso aos alimentos, pois quem tem boa renda, tem mais chances de uma boa alimentação. É fundamental que a Igreja ajude a conscientizar a sociedade sobre o problema e contribua na promoção de políticas públicas e tecnologias sociais para aumentar a capacidade dos pobres em ter acesso aos alimentos."
Dom Mauro Morelli afirmou que a falta de alimentação está diretamente relacionada com o modelo de desenvolvimento e ressaltou que é preciso acabar com a riqueza. "A pobreza, segundo o Evangelho, é uma sociedade onde não existe acúmulo, que haja efetiva distribuição." Conforme o material de subsídio da assembleia, a produção agropecuária garante alimentação para 12 bilhões de pessoas e hoje existem pouco menos de 7 bilhões de seres humanos no planeta. O texto destaca que "há evidente desperdício e impedimento que muitos não tenham acesso aos alimentos."  
Já padre Nelito Dornelas, que representou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), disse que a grande questão para a Igreja é combater a miséria, pois ela é desumaniza. "Fome se combate com comida. Miséria se combate com políticas públicas. A Igreja incentiva as pastorais, organismo, as comunidades eclesiais de base e as entidades que se associem aos movimentos da sociedade civil e aos conselhos de cidadania. Precisamos transformar a alimentação que é um direito constituído em um direito efetivo." Dornelas lembrou que a Cáritas não existe para administrar burocracias, ela é o testemunho da Igreja na sociedade. "Estamos juntos para abraçar todos os desafios que serão lançados."
Também participaram da mesa, coordenada por Anadete Gonçalves Reis, vice-presidenta da Cáritas Brasileira, dom Flávio Giovenale, presidente da Cáritas Brasileira, Monseñor Pierre Dumas, presidente da Cáritas do Haiti, Francisco Hernández Rojas, coordenador regional Secretariado Latinoamericano e Caribe de Cáritas (Selacc).
A XIX Assembleia Nacional da Rede Cáritas, que ocorre até domingo (20), reúne cerca de 250 agentes e voluntários de todo o país.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Soneto de Dom Pedro Casaldáliga

Será uma paz armada, amigos, Será uma vida inteira este combate; Porque a cratera da ... carne só se cala Quando a morte fizer calar seus braseiros. Sem fogo no lar e com o sonho mudo, Sem filhos nos joelhos a quem beijar, Sentireis o gelo a cercar-vos E, muitas vezes, sereis beijados pela solidão. Não deveis ter um coração sem núpcias Deveis amar tudo, todos, todas Como discípulos D'Aquele que amou primeiro. Perdida para o Reino e conquistada, Será uma paz tão livre quanto armada, Será o Amor amado a corpo inteiro. Dom Pedro Casaldáliga

UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO

 Acabo de vir do Largo de Pinheiro. Ali, na Igreja de Nossa Senhora de M Montserrat, atravessa  a Cardeal Arcoverde que vai até a Rebouças,  na altura do Shopping Eldorado.   Bem, logo na esquina da igreja com a Cardeal,  hoje, 15/03/2024, um caminhão atropelou e matou um entregador de pão, de bike, que trabalhava numa padaria da região.  Ó corpo ficou estendido no chão,  coberto com uma manta de alumínio.   Um frentista do posto com quem conversei alegou que estes entregadores são muito abusados e que atravessam na frente dos carros,  arriscando-se diariamente. Perguntei-lhe, porque correm tanto? Logo alguém respondeu que eles tem um horário apertado para cumprir. Imagino como deve estar a cabeça do caminhoneiro, independente dele estar certo ou errado. Ele certamente deve estar sentindo -se angustiado.  E a vítima fatal, um jovem de uns 25 anos, trabalhador, dedicado,  talvez casado e com filhos. Como qualquer entregador, não tem direito algum.  Esta é minha cidade...esse o meu povo

Homenagem a frei Giorgio Callegari, o "Pippo".

Hoje quero fazer memória a um grande herói da Históra do Brasil, o frei Giorgio Callegari. Gosto muito do monumento ao soldado desconhecido, porque muitos heróis brasileiros estão no anonimato, com suas tarefas realizadas na conquista da democracia que experimentamos. Mas é preciso exaltar estas personalidades cheias de vida e disposição em transformar o nosso país numa verdadeira nação livre. Posso dizer, pela convivência que tive, que hoje certamente ele estaria incomodado com as condições em que se encontra grande parte da população brasileira,  pressionando dirigentes e organizando movimentos para alcançar conquistas ainda maiores, para melhorar suas condições de vida. Não me lembro bem o ano em que nos conhecemos, deve ter sido entre 1968 e 1970, talvez um pouco antes. Eu era estudante secundarista, e já participava do movimento estudantil em Pinheiros (Casa do estudante pinheirense - hoje extinta), e diretamente no movimento de massa, sem estar organizado em alguma escola,