
Precisamos nos encontrar
um dia deste por aí,
no meio
das avenidas congestionadas
metrôs lotados.
Deve haver uma mesa vaga
em alguma praça de alimentação
de shopping,
um café de máquina
por perto
no meio
deste emaranhado
de ocupações falsificadas.
Porque
é preciso fluir
uma contenção
de desejos,
sonhos semidespertos
aguardando aval
para nunca
acontecer.
Necessito dizer
da velhice e da jovialidade
da pureza e da infâmia,
dizer o que somos
e o que não somos.
Deve haver
um táxi vazio
no meio desta chuva
neste turbilhão de gente
que se aperta
resmungando
do aperto.
Dizer que o tempo
não volta.
Retirar
ossos e músculos
amarrotados
do armário,
aguardando
a ordem
do silêncio dos lençóis,
onde Deus é lembrado
no apagar das luzes,
espremido
entre a noite
e o sonho,
sem espaço,
nós, semi-deuses
de nossas incapacidades.
(Poema "Um dia destes" do livro "Gota Serena" de João Paulo Naves Fernandes)
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