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As escolas de samba de times de futebol

Em sua simplicidade Vicente Mateus dizia frases célebres como a de que "um coisa era uma coisa e outra coisa era outra coisa"

Faziam galhofa de seu palavreado simples, mas reconheciam, que sempre trazia uma mensagem subjacente importante.

Aproveito, neste caso a frase do velho corinthiano para levantar uma questão que me incomoda, por existir, e da qual não sei como eliminar.

Trata-se do fato da participação de torcidas organizadas nos concursos de escolas de samba do primeiro grupo.

Hoje, já para o próximo carnaval existirão três escolas de samba do primeiro grupo, que fazem parte das chamadas torcidas organizadas, a saber, a Gaviões da Fiel, A Mancha Verde, e a Dragões da Independência, do SPFC.

O primeiro aspecto, que salta à vista é a concorrência entre tipos de torcidas diferentes, e de comunidades, para o mesmo concurso.

Vem um fanatismo, uma exclusividade por um time ou outro, que acaba retirando aquela liberdade dos torcedores em escolher livremente aquela escola que mais lhe agradou, e também das comunidades em aceitar um time em suas searas.

Afinal alguma destas escolas de samba entrou no Morumbi ou no Pacaembú para desfilar e por sua bateria na última?

Ou será que alguém já viu a escola de samba de alguns dos times ir em um de seus jogos fazer lá suas coreografias?

Certamente que não.

Confesso que fico constrangido ao ver a apuração em São Paulo do resultado das escolas, mais a torcida corinthiana lá, com seu fanatismo, sendo que a do Palmeiras não pode sequer ir, para não gerar brigas.

Dá para ver o tamanho do problema?

Comunidades que há décadas se organizam como a do Vai Vai, A Rosa de Ouro, a do Nenê, Acadêmicos do Tucuruvi, X-9, e tantas outras, de repente se vêem num campo de futebol, precisando xingar cada vez mais, decorar palavras de ordem, enfim, viver uma realidade estranha para o carnaval,  com os traumas trazidos pelas torcidas.

Não era o caso de se declarar que torcidas organizadas não podem participar do concurso de escolas de samba do primeiro grupo, como no Rio de Janeiro?

Confesso que isso não seria democrático.

Sou então, a favor da inclusão das escolas de samba no Campeonato paulista de futebol, no nacional, na Libertadores, porque não?

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