Nossa época, reconhecida por muitos teólogos como uma era pós cristã, onde o chamado secularismo (a auto-suficiência do homem, advinda da disponibilidade de bens) e o fundamentalismo (identificação literal dos conteúdos sagrados, sem vincular contextos históricos) arrefeceram muitos de sua fé, é ambiente propício para o crescimento de todos os tipos de ateísmo.
Vivemos a desnecessariedade de Deus, a precariedade de Deus, diante do deus mercado, deus cartão de crédito.
A doença é esquecida, afragilidade é abolida.
A ciência domina os conteúdos dos genes humanos, e reproduz a criação a seu modo.
O deus ciência, se rematerializa sob nova forma, não mais revolucionária, mas mercadológica. Deixo artigo do IG sobre o espaço reivindicado pelos ateus no mundo da pós contemporaneidade.
Secularismo e fundamentalismo retiram Cristo de cena
Ateus fazem campanha para mostrar que são vítimas de preconceito
“Somos a encarnação do mal para grande parte da sociedade”, diz presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA)
Danielle Nordi, iG São Paulo 29/07/2011 06:03
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Ateus fazem campanha para mostrar que são vítimas de preconceito“Somos a encarnação do mal para grande parte da sociedade”, diz presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA)
A campanha era para ser veiculada na parte traseira dos ônibus, mas empresas de São Paulo, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre se recusaram a fazê-lo. A saída foi utilizar outdoors. Pelo menos em Porto Alegre, que desde o começo do mês é a primeira cidade brasileira a exibir uma campanha que defende o ateísmo. As peças da campanha são veiculadas em outdoors
Afinal, o que há de tão problemático com os anúncios? De acordo com Daniel Sottomaior, presidente da organização responsável pela campanha, o que incomoda é o conteúdo. Ele diz que as mensagens foram feitas com o objetivo de conscientizar a população de que o ateísmo pode conviver com outras religiões e não deve ser encarado como uma deficiência moral. “Todos os grupos que sofrem algum tipo de preconceito procuram fazer campanhas educativas para tentar minimizar o problema. Foi o que fizemos”, afirma.Diante das mensagens veiculadas nos outdoors, as reações foram variadas. “Foram interpretadas como provocação por alguns grupos religiosos. Além disso, muitos acharam de mau gosto ou preconceituoso. Acho que isso foi coisa de quem não entendeu ou não quis entender”, diz. Daniel diz que seu objetivo é mostrar que ser ateu é difícil. “As pessoas ficam chocadas quando você revela que não acredita em um deus. Muitos chegam a perder emprego e, principalmente, amigos”.
Para o sociólogo americano e estudioso das religiões Phil Zuckerman o ateísmo ainda é fonte de muito preconceito. Segundo ele, ateus sofrem até mesmo perseguições. “Mesmo atualmente, em algumas nações, ser ateu é passível de punição com pena de morte. Nos Estados Unidos existe um forte estigma em ser ateu, principalmente no sul, onde a religiosidade é mais forte”, conta.
Há quem veja afirmações como as dada por Daniel como exagero. O filósofo Luiz Felipe Pondé, professor da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), considera ações como as desenvolvidas pela ATEA como marketing. “O preconceito diminuiu muito, principalmente nos meios universitários e empresariais. Acho a comparação de ateus com negros e homossexuais um exagero. Tem um pouco de marketing aí.”
Pondé admite que muitas pessoas ainda têm dificuldade em enxergar a possibilidade de uma vida sem um deus. “Muitos associam moral pública à religião. Isso também é um absurdo. Pessoas matam umas as outras acreditando ou não em deus. O que acontece é que muitos ateus ficam alardeando coisas assim, mas acho que hoje o cenário já é bem diferente. Sofrer preconceito ficou chique”, afirma.
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