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INTRUSO

  Tem dia em que o vazio vem visitar-me. Traz consigo uma tesoura   e passa a recortar a palavras.  Chega mesmo a separar as letras,  pondo tudo de cabeça pra baixo. Infunde um medo profundo  de que o nada exista  e apague o que foi construído. Esperou que os amigos  se distanciassem,  aproveitou-se da solidão  e veio, observando para ver se desabo. Esqueceu-se dos ensinamentos  que aprendi com minha mãe,  as descobertas inconfessáveis  que experimentei. Esqueceu-se que me reconstruo... Por isso estou aqui. Por isso ainda escrevo

PEDRINHAS

  Sou um produtor  de pensamentos,  vem  não sei de onde,  vão  sabe-se lá para onde... Incógnita em mim,  interpela,  aprofunda,  cansa  da falta de respostas, depois se acostuma  com o desconhecido,   tratando-o naturalmente. Lembro-me das pedrinhas  jogadas nos lagos,  a diversão de vê-las  saltarem na água... como me divertiam  as pedras e a água.  Sinto-me, às vezes  como estas pedrinhas,  lançado forte resvalo em algo  aparentemente sólido  que não é, vida curta  para tantas perguntas  jogadas ao tempo. Hoje,  submerso percorro as noites  numa pesca  fragmentada de mim...

NOITE ALTA

  Preciso de amigos,  antes que amanheça. Tenho algumas pedras  nos apetrechos da viagem,  pesam... Estão fora do tempo,  não saem,  não se limpam,  compõem a roupagem  com que me cubro  diariamente. Só eles podem me ouvir,  confidenciamos tanto... Aceito o silêncio e a solidão  como algo inevitável  para quem medita... não é possível trazê-los  em meio à noite. Espero o amanhecer  até tudo calar-se, afinal. Aguardo...

AMÁLGAMA

  Deixei os dedos  desenharem teu corpo,  descobriam o sono eterno  das grandes distâncias  a serem percorridas. Aos poucos  tornou-se um canto oculto,  vindo por sobre os montes,  sem origem. Seu fremir  semi enlutado  venceu as horas,  lânguido despertar  das serpentes. Tremeu a Terra,  inebriou-se o ar  de um perfume novo. Deste encontro  de peles e beijos  nos desaparecemos  do mundo. Encontrou-nos o dia,  estranhando a força  com que  deslizamos  os espaços disponíveis...

PAPELÃO SOCIAL

  Sinto frio,  recolho-me num papelão  embaixo de uma marquise,  protegendo-me... Chovem distâncias... Tornei-me objeto de rejeição  de todos. Por que não morre?  Por que está aqui? É um inútil! Acusam-me de manchar  a ordem das coisas,  estragar a beleza  dos ambientes,  atrapalhar o comércio... Sou expulso  dos lugares,  périplo repetido  de sobrevivência... da praça para a rodoviária,  da rodoviária para a praia,  da praia para um beco,  do beco a praça,  rodízio de estacões, viagem permanente  de sobrevivência,  driblando  o esquecimento  dos poderosos. Retirei de mim  toda sorte de orgulho  para manter-me vivo,  já quase  não me visto,  não me banho,  faço a barba. Os que passam  por mim, apertam o passo,  se afastam.. Tornei-me mais  que oprimido... um repugnante,  sequer me tocam. Tenho feridas expostas,  ninguém faz um cu...

ALTAS HORAS

  Não resisti à noite,  rendi-lhe a energias  tardiamente, por hora do cantar  do galo. Enquanto isso,  cevava as palavras  que  passeavam livres,  impossível retê-las. Desatento,  retive apenas  as joias primeiras,  fiz delas  a sequência lógica  dos versos. São o refúgio  da realidade,  abrandadas  pelos enlaces  das palavras. Deixam  pequenas  descobertas,  despertam  da letargia. Satisfaço-me  com o pouco,  rouco declamar.

FÉRETRO VERBAL

  Meus poemas  não adormecem,  sonambulam,   insatisfeitos  e incompletos. Nada os encerra,  enredos parciais,  voláteis,  de um absoluto infinito. Sofrem,  sem fingimento, todas as dores  do mundo. Angustiam-se  com a solidão,  a indiferença humana Suas letras  choram as partidas  olhando de frente,  não suportam falsidades. Suas lágrimas  borram os versos,  mal representam  as dores. Escondem-se,  vulneráveis,   do tempo inexorável  que a tudo constrói,  desconstroi. Ficam ali,  nos cantos da vida,  até que alguém  ouça o coração,  raro coração. Retrato escrito  do féretro verbal,  enterro do verso tumba do livro

REINVENTAR

Tempo de se reinventar,  descobrir-se limitado  para sua época.  Deixar de ser o mesmo,  para tornar-se outro  do que é e faz. Obrigado a redescobrir-se  de sua nudez,  repensar meios,  otimizar trajetos. Porque existe  um mundo de cobranças,  que ultrapassa  constantemente  nossas capacidades,  difícil acompanhar,  estar à frente... é para poucos. Há um evoluir diário  que vai descartando  relações, processos,  produtos,  carreiras,  até hábitos,   numa voracidade ímpar. Quando vemos,  é como  se convivêssemos em mundos paralelos. Assim o percurso  torna-se uma corrida,  a vida uma Olimpíada,  nosso tudo  um nada Em outras dimensões  também,  de alguma forma,  precisamos redescobrir-nos. Guardamos capacidades  para todas as possibilidades,  desafiamo-nos  diante da vida e do mundo,  sempre arrancando cascas... impedem ...

MEDITANDO

  A vida é uma permanente surpresa,  traz alegrias e dores juntas,  desafia nossa paz  enquanto caminhamos. A montanha não termina seu escalar,  íngreme desafio de todos os dias.  O Sol cobra a obrigação de vencer.  Às vezes nos expomos,  outras vezes nos escondemos.  Nunca satisfeitos buscamos transcender. Muitos nada cogitam,  prendem-se em varais,  ganham vida à mercê  dos ventos quentes  que sopram vindos do mar.. O tempo é incerto,  não sabemos quando se acaba,  para de contar os anos,  os dias,  num eterno esperar. Observo  em meditação solitária  este universo humano,  e guardo o amor  como uma ponte

PORVIR

  As novas realidades  absorvem e somam,  dividem o tempo,  os trajetos...  são espaços estendidos  de nós próprios,   enquanto agimos. Tornam-nos repartidos e expatriados  de vários projetos. Abraçamos inalcansáveis sonhos  de um mundo novo,  a construir. Permanentemente ilimitados,  habitamos umbrais legados  de gerações e civilizações. Fazemos tudo novo,  desconhecidos da História,  descontentes da herança.  Lançamos bandeiras novas  diante da milenar dominação  e encerramos a vida  sem ver o porvir.

Trazido pelo amigo Ivan Vilela

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  Às vezes me vejo  neste barco inclinado  na areia à beira mar. Alega os anos... não sabe estar  longe do oceano.  Deixo a proa  preparada para as ondas  Chacoalho antes que venham...

DISTANTE

  Tão grande a distância, vácuo profundo... olhos semi abertos  semi cerrados,  encerrados, escuro profundo,  alvorecer diurno. Obra sempre incompleta  de algo ou alguém,  não se define  não se percebe  não alcança. A vida se descobre  nos limites,  angústia de irrealizacões,  sonhos permanecem  se desfazem Inalcansavel amanhecer Interminável poente.

LINHA SOLTA

  Puxo uma linha  no decorrer do dia. suspensão do real,  descobertas fortuitas  que afloram. Hiato se faz  da continuidade ociosa,  trazendo presentes  esquecidos no tempo Sem contratempo  ponho-me a indagar  se o transcender em si  já nao é um ato  de se salvar. Porque os olhos procuram  permanentes saídas  nas flores  aromas,  verdes mares,  olhares. Busca que rebusca  o que não vê   no que vê,  cegueira,  realidade proscrita. Há uma linha solta em mim,  em algum poço profundo,   que me faz pescar...

OPOSTOS

  O que eu quero não digo,  busco abrigo Não sou quem digo,  sou maldito. Não falo o que sei Calo o que pensei. Tenho o beijo guardado desejo que almejo.  O tempo desfaz a desfaçatez incapaz.  Vou como quem disfarça. em meio a farsa. Meu tino é desatino chegada de destino. Caminho de desencontros,  opostos que se encontram

MOVIMENTOS

  Abandonei-me... deixei o barco  seguir a corrente.  Enquanto isso,  observava quão vão  eram as iniciativas  de correção do rumo.. Porque vinham ondas  de todos os lados,  sacudiam todos os projetos... eram como pesos  jogados ao mar. Apoie-me no que podia  para não afundar. Quando os ventos cessaram,  e o tempo acalmou-se,  pude sentir  a brisa da esperança...  era a chance  de pegar novamente a vela,  e conduzir-me. Às vezes  deixo levar-me  durante as tempestades...  às vezes,  sigo como quero. Não me apequeno,  não me orgulho  de nada,  compreendo  as grandes monções,  e os longos desertos,  e sigo como posso,  conhecedor...

CATARSE

  Alguém me interpela  pela noite... Ouço o ruído  das gotas de chuva... formam ritmos   no telhado  esquecido. Ouço o badalar do tempo  fechando as horas,  contagem regressiva  de um novo dia. Ouço o coração... seus batimentos  agora  acalmam-se  da realidade diária,  exigência de sobrevivência. Um silvo agudo ouço ,  constante,  nos ouvidos... só perceptível  em meio a noite,  assemelha-se a um chamado  permanente Ouço minhas indagações  de vida,  não encontram tempo  em outros momentos, justificam-se,  sugerem novos caminhos. Ouço também a voz  do coração ,  busca o pensamento ,  não o encontra,  descanso dos sorrisos fartos ,  lágrimas guardadas... Só assim vou  percebendo  meus compartimentos,  alguns bem visíveis ,  outros mais ocultos,  até os guardados  a sete chaves... ocuparam lugar,  com o tempo,  em min...

BUSCA OCULTA

  Minha consciência distrai-se  em seus contornos.  Acrescentei aos pensamentos o amor. Semelhante a embriaguez,  passei a apurar a visão  de mim,  do mundo. Meus olhos  multiplicaram  olhares,  os detalhes  mal escapam. Foi como uma luz  que desceu,  descoberta divina  da humanidade. Até a revolta  ressoa  diferente,  indignada,  com doses de serenidade. Ainda busco a consciência,  ainda me distraio. Perseguidor de mim,  escapo facilmente,  e me vejo sempre  meio distante.

TODO DIA...

  Todo dia é um desafio. Levantar para conquistar. Deixar sonhos,  cair na real. Sair do silêncio.  encontrar ruídos. Do monólogo  para o diálogo,  da oração,  para a ação,  do amar, para o lutar. Toda manhã é  um programado  inesperado. Esquecer beijos,  guardar distâncias,  deixar cobertas,  desafiar o tempo,  sair do jejum,  alimentar-se. Todo dia  é uma luta  das derrotas  do passado,  para as conquistas diárias,  do corpo hibernado  para o suor molhado. Todo dia somos  os que continuam acreditando,  apesar de tudo,  seguindo uma força interior  que nos impele a viver. Até morrer seguirei  este ritual de vida,  distinguindo Sol e Lua,  acompanhando as horas  que não param...

PASSO A PASSO

  Passo a passo é como faço. Aprendi a respeitar o caminho,  ele é longo,  exige doação diária. Sair,  confraternizar-se com as pessoas  nas ruas,  conhecer,  participar  de suas realidades  Há muito por se descobrir e aprender.  Muito por se doar.  Sempre será insuficiente.  Sempre estaremos por fazer.  Não se pula etapas, acumula-se É assim a vida... passo a passo.

SOU MEIO ASSIM...

  Às vezes eu sou  meio como o cachorro,  muito fiel,  fácil perdão.  Outras vezes sou  como o gato,  tranquilo,  observador,  independente.  Como o sabiá  gorjeando  aos quatro cantos  indecifráveis  linguagens...  O beija flor,  drone natural retirando o néctar  para o amor... O urubu,  voando alto  ao vento quente,  prazeiroso do mórbido. Sou o ornitorrinco,  misturo gêneros,  naturalmente,  sem discriminação  Ainda sou  como as árvores,  firmado em boa base,  copa balançando ao vento. Sou grama,  amacio passos... flores,  exalo perfumes,  odores,  desperto olhares.  Sou nuvem,  vejo de cima... não notam,  despercebidos.  Chuva,  incomodo  fora de hora, desalojo a ordem... Sol escaldante,  queimo resistências  testo limites  físicos,  psicológicos... Terra,  quantas civilizaçõe...

CORAÇÃO & EPIDERME

  Por vezes tenho saudades de mim,  profundidades inalcansáveis,  de tudo o que poderia ser Explosões de perguntas,  das várias fases,  emergem desordenadas  no agora noturno, Passam pelo grande  crivo da consciência,  retém corredeiras insanas. prisão das superficialidades,  suas soluções débeis,  poço  das perguntas  não formuladas,  onde Deus se esconde Desperto  desencontro puro,  vazio de esquecimentos,  roubo do tempo. Quando tudo se acalma,  uma voz quase extinta,  chama do nada,  baixinho quase nao ouço,  mal atendo.  E toda a carga  da experiência,   se apresenta logo como anteparo  para que ela  nao se expresse,   Uma verdade,  aguarda maturação  Sobra o coração  a epiderme,  para a mística,... o abandonar,  deixar acontecer.

PRIMAVERA

 !!! Vejam! As portas estão abertas... Agora é possível sair por elas. Pareciam fechadas,  impunham barreiras. Do lado de fora  há um Sol radiante... é primavera. Os ipês amarelos ocupam  os lugares nas praças. Vejam,  as famílias vão  aos parques divertirem-se  com seus filhos, porque a paz está de volta. A esperança está deixando  de ser esperança  para realizar-se enfim  em cada um de nós. Está nas nossas mãos  o sair e construir  um mundo novo. Maior é o  coração  que pulsa livre... maiores que sejam  os problemas. Então bora construir  um mundo novo novo país,  encontrar novas solucões  para as novas questões.  As janelas estão abertas! E possível ver  campos esverdeados, flores...  sentir  aromas,  a diversidade de cores. Convide o seu amor  pegue pelo braço e saia! As portas estão abertas!

ABRIGO

  Guardo escondido  um abrigo,  deste mundo.  Colhe dúvidas  do grande percurso,  busca razões. Enquanto não explicam  distraem-se nas paisagens do tempo.  buscam lógicas explicações. Outras perdem-se em incômodas dúvidas,  interrogam.... Outras fluem aquáticas,  pororocas na boca,  satisfeitas... Um outro abrigo,  escondo ainda,  de mim próprio,  mais profundo...  Deste nem elaborei perguntas...

7 DE SETEMBRO OU 04 DE JULHO?

 O Brasil está se tornando um país surrealista. Os fascistas fizeram uma manifestação na data de nossa independência, e estenderam uma bandeira norte americana em que, só a largura, ocupou todo o espaço das duas vias da avenida Paulista. Somaram mais de 40.000 pessoas, provavelmente financiadas com lanches, ônibus e algum dindin do empresariado entreguista de São Paulo Tendo a pensar que sejam desejam ser anexados pelos EUA, e estejam clamando a Trump que invada nosso território nacional para tornar nossa terra mais um estado norteamericano.  Afinal Trump já enviou uma frota com submarinos, fragatas e até jatos  no seu afã sequioso de poder para a América Central provocando e esperando que alguém caia na provocação... Estamos confiantes de que a maioria do povo brasileiro ainda tenha discernimento de escolher a democracia em lugar do fascismo em 2026.

CLAMOR OCULTO

  Sou um carente,  preciso de gente. Procuro quem me ouça   que seja um instante,  porque estou só... só de humanidade. Talvez outros sejam mais carentes,  passem por maiores dificuldades. O afago falta,  nos deixa vulneráveis,   o desprezo mata. Se alguém ouvir e vier  poderemos trocar  nossas dores  disfarçadas de amores. Alguém está ouvindo?

SINTÉTICO

   Tenho me detido  por trás das palavras,  no meio delas... a ponto de perder o sentido,   em múltiplas escolhas. Passo o tempo  decifrando sentidos ocultos  nas superfícies das letras  e suas músicas invisíveis.  De quando em quando compreendo  mais o gorjear  dos pássaros  que a inundação de verbos inodoros  sobre o dia de sobrevivência.  Cada vez falo menos,  carrego junto a alegria. Admiro os mudos, falam mais  Busco ser sintético

Passando o Olhar...

  Ainda posso encontrá-la no tempo. Se passou,  lá vivemos,  jamais nos esquecemos. Também posso vê-la a frente; se chegar,  poderei experimentar,  modelo permanente de convívio. Melhor vê-la agora,  assim, deitada ao lado,   em sua sinuosidade silenciosa. Melhor amá-la além palavras,   respiro vida.

SER OU NÃO SER

  Os espaços que busquei,  não vieram...  os que não busquei, sim. Construi um edifício  que me foi dado,  outro está nos alicerces. Procurei por Deus  e tenho a sensação  de não ter nem mesmo  limpado o terreno,  de repente, ei-lo presente Os amores que surgiram,  voos cegos,  geraram desejos insólitos,  além convivio,  terreno onde finquei a paz.  A morte que evitei,  porque sob o Sol não vejo além,  está sempre presente,  como fiel escudeira.  O caminho parece longo,  inalcansavel,  cada trecho parece um fim. Assim vou  nas reentrâncias da vida,  encontrando-me  enquanto me perco, sendo o que não sou,  não sendo o que sou

LIMITES

  Vou cultivando meus senões,  reconhecendo  a ausência de respostas,  perguntas a formular. Interrogações  caminham distraídas  na existência. Cultivo entrópico,  acrescenta  permanentes  ambiguidades,  corrije rotas. Não existem sustentações... terreno alagadiço  dos limites  da compreensão. Melhor o conforto  das grandes rotinas,  trajetos conhecidos. Melhor incorporar as dúvidas aos passos. Os dias, por si só,  recobrem de importância  o nada que afoga,  amainam. Fica um pouco  da inconsciência  que alenta a vida,  enquanto transporta  os limites do tatear

EM TEMPO

  O passado é uma porta entreaberta. O futuro, o inííício de uma claridade,   O presente um palco de representações Sou memória! Sou esperança! Sou ação! O passado é um valor acumulado  O futuro é um norte de perseverança,  O presente é como realizo Vivo a experiência acumulada! Vivo a realização dos sonhos! Vivo como experimento. Não fecho a porta! Não me acostumo à escuridão! Não fujo da vida!

INDECIFRÁVEL

   Teus olhos  me perguntam  a toda hora! Consigo decifrá-los? Já não enxergam  mais tanto, e no entanto,  ainda me encantam... Que questões  escondem? O que desejam,  eu distraído das profundezas? Passo o tempo  vasculhando aquele olhar... O que ainda não fiz,  me perguntam!? Sei apenas que devo agir,  e coloco tudo antes  de nada fazer. Sigo uma arqueologia  presente,  inferindo porquês... Me desejas um Deus  que não sou,  criatura que te adora? Desejas que te cure,  restabeleça sonhos  sonolentos? Preciso deixar crescer  minha divindade, porque assim,  permaneço  um servo incapaz... O quê me perguntas?

Permita-me

  Permita-me apagar,  o texto fora do contexto. Permita-me esquecer,  Alzheimer literário.  Permita-me sair,  o segredo guardado  ainda reverbera no tempo. Permita-me não escrever,  que se preserve a mente  tão somente. Permita-me desculpar-me  pela ausência,  sem a sua anuência.  Permita-me por um fim  por hora,  porque demora esquecer...

MEU ULTIMO AMOR

MEU ULTIMO AMOR  Meu último amor, etapa final  de todos amores,  compreendeu  minhas grandes dissonâncias,  manteve-me no galardão  Meu grande amor  compreendeu minhas  enormes fraquezas  e ainda assim apoiou. Sou aquele perdido  em amores,   pensou amar  tudo e todas. Reles amante  perdido em amores Meu grande amor,  não leia estes versos,  para não perder  também a ti,  eu tantas vezes  sem prumo sem rumo... Grande amor  vejo em ti  todos os amores  que não tive,  guarda-me  em teus seios... Pereço de amor...

O GRANDE RIO...

  Observando e refletindo, às vezes falando,  outras escrevendo... Meu tempo vai  silenciando os acessórios,  agrupado em poucas palavras,   economia de sentidos,  concentração de razões.  Também perpassa  um auto reconhecimento  visitas transcendentes,  linguagem entranhada  não verbal,  deixa interrogações  Tudo flui  para um grande rio,  sem margens,  onde residem  respostas  aguardando  serem interpeladas.  Perco-me  neste manancial,  emerjo  das descobertas,  sobrevivente...

ADEUS A LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

 Vamos ficar mais uma vez órfãos. Nossos autores são como deuses,  nos deixam sentindo abandonados. Assim com a partida de Luiz Fernando Veríssimo, assim foi com Drummond... Sofremos as ausências como se fossem membros da família.  Resta-nos engolir as lágrimas e seguir em frente

O PODER E AS MÃOS

  Minhas mãos tem poder... quando se unem  a outras mãos,  tudo podem. O mundo sofre  e espera esta união. Alguns vivem  de deixar os outros  sofrendo sozinhos  em seus quartos,  sem esperança  em saídas  para a vida. Fabricam sofrimentos... Ah... se a maioria soubesse do grande poder que tem,  quando estão juntos... Desperte!  Saia da dor! É hora de cantar,  dançar,   festejar...   assim deve ser a vida. Viver é simples,  a verdade é límpida,  amar é tudo. Caminhemos Juntos!

O jardim e o muro

  Construi muros...  observei-os  ora de dentro,  ora de fora. Como eram meus,  considerei-me   ora prisioneiro  ora liberto. Os que constroem prisões,  as sepultam primeiro em nós,  prisioneiros de nós mesmos. Formei um jardim  do lado de cá do muro,  cobri as paredes com trepadeiras... preservei o coração e os olhos  da falta de horizontes. Sigo uma esperança  oculta dos poderosos,  rastelando as folhas secas,  arrancando ervas, sonho completo  sem recortes.

AGUARDANDO...

  Escapaste outra vez... Sempre que a tenho por perto,  me escapas,  borboleta azul celeste  destas terras áridas. Esguia,  adormeces a eternidade  das minhas ansiedades... despertas tarde demais,  quando o Sol resseca desejos. És a ingenuidade no mundo,  distração do mal... Crês nos campos de lírios,  abertos para o amor... Toco a flauta baixinho,  quem sabe ouças,  inclua o chamar  nos teus sonhos  embalados de esquecimento. Os dias vão contados  em segmentos  santos e profanos  de tuas marés,  e distante, aguardo  o despertar ...

PERMEÁVEL

   Tudo passou por mim,  busquei ser permeável. Aprendi a ser diverso e único. Sedimentei aprendizado conflitante,  nem sempre encontrando explicações.  Aos mistérios  alcei voos impossíveis,  restrições acres. Às realidades,  a consciência das lágrimas,  levou à perseverança.  Acostumei-me a aceitar   enquanto meditava,  verdade em gestação  Ao coração deixei  um lugar  especial,  linguagem inaudita,  inferência entre linhas. Sigo esta mescla em formação

SÓ VOCÊ

   Só você  para arrancar  minha solidão. Só você  para me deixar  cultivar esta solidão.  Só você  para compreender  minha solidão.  Há um buscar em mim  que me faz sentir só... Indefinida mistura  de gente por existir,  ações por fazer. Nem as músicas,  nem versos,  nem sair por aí  sem lugar definido, nem nada... Só você é capaz,  sem saber,  de afagar  esta angústia  solitária... Você!! Mais ninguém...

TODO DIA

  Todo dia  um despertar... meditar,  lembrar-se da noite,  dos sonhos,  interpretar... Todo dia  agradecer a Deus  por viver,  buscar ser melhor. Todo dia  um levantar, perceber ao redor... Todo dia  uma roupa,  um café, acreditar, existem saidas... Todo dia  caminhar,  informar-se  de tudo,  analisar, , considerar  as pequenas  e as grandes lutas. Todo dia  fazer parte  da trama,  das ações,  transformar Todo dia  beijar,  alegrar-se, amar muito,  desprezar o mal. Todo dia  também  entristecer-se  revoltar-se,  ser justo. Todo dia  sair sem destino,  descobrir  as realidades  tão amplas,  sua distância  a elas,  conscientizar-se... Todo dia  trabalhar,  suar,  manter a vida,  sua e dos seus, sobreviver. Todo dia  solidarizar-se  com quem  não tem  como sobreviver... Todo di...

MATURACAO

  Ai, os dias do meu tempo  passam indiferentes,  como se não existissem. Alegrias costumeiras,  dores particulares,  ocultas... Idealizam a eternidade  a uma longa rotina... Não fossem as manhãs,  como suportaria  o mesmo de sempre? Uma sensação falsa  de dever cumprido,  justifica o repetir-se diário.  A boca fechada,  os olhos abertos...  coabitar exige palavras,  aguardam maturação. Os pensamentos  arrefecem, padecem... Até o dia  em que a História  encontra-se com a verdade  e explode,  forte eclosão,   consequência  da longa espera...

MARÉS

   Não percebo mudanças  um dia após outro.  A consciência ignora  seu progresso inconsciente. Me vejo  muitas vezes estático, repetitivo. As noites lançam  estas luzes ocultas  dos escuros dias. Talvez alguns anos  mostrem diferenças... Seguimos no lusco-fusco,  meio às apalpadelas  de quem somos,  onde estamos,  o que queremos,  para onde vamos... Do passado distante  até me esqueço,  e surpreendo-me  quando citam algo que fiz.  Consinto assim  fingido de mim. Meu ser passeia no tempo  como as marés... vai e volta,  vai e volta...

DESMEDIDOS

  Meu amor,  as confidências  que trocamos  nas margens diárias,  perdoam os oceanos  de suas atrações lunares. Somos da substância  dos faunos e das ninfas, entremeados de sabedoria.  Sabemos nos perder,  sabemos também  nos encontrar. Nossa medida é desmedida

SEM ENREDO

  Estou sem enredo,  vou como vou,  onde o vento assoprar. Procuro às noites,  comprar alguma passagem  para lugares inusitados,  antes que o Sol  aponte no horizonte. Minha caneta pensa antes de mim. Permite apenas  que reflita  meu desconhecimento,  meu mistério particular.

PULSAÇÕES

   Não vivo só de versos,  sou diverso. Não vivo só de encanto,  vou ao campo. Não vivo de só de sonho,  componho.   Meus pedaços  são pulsações  que chegam a ações. Do coração aos corações,  de mãos às mãos. A palavra luta para ter vida,  toca interiores,  convida. Palavras suaves e duras,  arrancam carrancas  das molduras,  abrem expressões francas. Descansa seu tocar singelo,  elo do sentir e agir.

DORMÊNCIA

   Tua dormência  acende muitas luzes,  caminhos trilhados,  fugidios. Tua dormência  é uma catedral  aguardando   badaladas de sinos.  Observo a noite escura  como um grande  exercício estoico,  acalmando abrasamentos,  memórias mortas  revividas. Não sabes a dimensão  de minhas batalha  enquanto não rompo os portões deste castelo? Sequer imaginas  as danças ocultas  que despertas.  Teu lânguido deitar  mais desperta  que adormece.

IMOLAR-SE

  Minhas lágrimas estão sempre enxutas,  meus soluços são silenciosos. É necessária grande atenção,  de antemão,  para perceber este córrego  oculto pelo tempo. Comprender a dor milenar,  genética,  da humanidade.  Continua a ser reproduzida  em sua imbecilidade.  É necessária a força da insuficiência,  como consciência da desproporcionalidade. Correr contra a vontade do tempo,  imolar o amor

SUPERFICIALIDADE

 . Lembre-se dos ventos,  das tempestades,  as calmarias. Lembre-se da solidão,  das grandes festas vazias. Lembre-se da proximidade do chão,  e das inalcansáveis alturas. Lembre-se que amanhã é outro dia,  e tudo também se esvazia... Guarde-se esquecido,  na sinceridade de si mesmo. Exponha teu neutro ser,  ao universo de opiniões.  Que o principal conviva com a paz,  já é suficiente.

NÃO É SÓ ISSO...

  Não tenho motivos claros para as lágrimas... Não tenho razões seguras para sorrisos... Tudo é uma grande somatória,  enzimas que reagem, somatizadas em mim. Não tenho porque dar explicações,   nem sempre entendo  o que se passa,  ao meu redor, nem tenho que entender... Preocupo-me em ser útil,  conseguir ser útil,  superar a inutilidade,  mas também ser livre,  e dispensar obrigações.  O tempo das divagações  surpreendem pela demora,  até ser tarde,  e vejo  que fiquei devendo,  junto com o mundo,  a grandes e pequenas soluções. Há mais a completar,  no pequeno e no vasto... Assim, vivo porque vivo, choro porque choro,  sorrio porque sorrio,  divago porque divago...

BAGAGEM

Bagagem oculta, sombra insepulta de conhecimento e experiência no caminhar distante... Tolera, afaga, compreende... Indigna-se, revolta-se, repreende... Veste-se de nudez e transgressão cobre-se de formalismos obrigatórios diverte-se enquanto vê. Percorre os labirintos da ordem que dá em nada, como um passeio com o cachorro  no final das tardes. Encontra as palavras certas no emaranhado da sobrevivência,  como oportunidade de paz e conforto... Depois chora o grande desperdício  de nós mesmos,  desatentos e perdidos,  caça louca de enredos sem fim. 

CHEGADAS E PARTIDAS

  Não sei despedir-me... Imagino sempre  que iremos nos encontrar  novamente.  O encontro toma conta de mim...  se pudesse  permaneceríamos juntos,  mas os projetos,  a sobrevivência  ocupam muitos espaços  Com o tempo  percebo as distâncias,  as mágoas,   saudade,  a ansiedade de ver, ouvir, falar, tocar... Sentimentos diversos  vão se produzindo  no silêncio da vida,  intervalo de afazeres. Chega a hora  das descobertas;  para alguns  é como se ainda  caminhassemos juntos,  para outros,  a alegria do encontro,  outros ainda,  telefonam,  marcam dia e local,  pomos a conversa em dia,  é insuficiente. A dor é quando  escapam alguns,  fortuitamente de nossa memória,  e fica tarde,  muito tarde para nos vermos novamente,  fazem-se de ausentes,  provamos também o esquecimento. Assim vejo meu país,  estamos todos ...

PORTÕES ABERTOS

 Meus portões estão sempre abertos... Quem entra? Distraído de mim,  não questiono quem vem... tantas diferenças  perco referências... Prefiro a surpresa,  o novo e o velho,  o que vier.  Aprendi a considerar,   mais que escutar Então venha,  seja quem for,  seja bem vindo,  caminhemos juntos. Desperto antes do Sol,  até o primeiro raio  atingir-me os olhos,  aí viro concreto  entre pássaros,   e também canto

PRESENÇA

   Como posso estar ausente? Sou gente,  amor e a vida  estão em mim... Nada me escapa,  fugir não consigo,  volto sempre ao leito,  rio que segue sonhando  seus contornos,  suas quedas,  vazantes,  secas.  Fui fonte,  riacho,  recebi visitas marcantes,  influentes afluentes,  cresci largos leitos, até amar... Fui sereno, garoa, chuva, tempestades, aprendi a importância  dos pingos na terra  dos raios na escuridão,  nada me escapou  de tudo escapei. Sigo com a história nas mãos  perto da foz,  consciente do fim,  as marcas de ter feito sua parte  no grande encontro de tudo,  eu no meio ambiente. Quem ouve as águas  levando mansidões  sabe dos encontros...

DOCE É VIVER

  Doce é viver deixar correr como é... Doce é se deixar levar. Doce é amar... Viver é melodia e letra,  é percorrer livre os espaços  sem restringir-se. Ah...como é bom viver, ter amigos  confidenciar segredos superiores  do criador,  superar a dor. Vou visitar você,   quem sabe  sorriremos de tudo,  choraremos também,  porque faz parte,  tem seu aprendizado.  Durmo a paz de viver  sabendo que percorri  tudo como queria,  livre e solto...

TARIFAÇO POÉTICO

   De hoje em diante, todos aqueles que quiserem entrar em meu coração deverão pagar taxas, conforme o que são e fazem São estas: 100% pela indiferença... 100% pela maldade e ódio  100% das ausências e omissões  100% em ceder ao medo. 100% por não pensar no povo citando a pátria 100% por não conhecer nem saber viver a paz. 100% não procurar superar-se no que faz. 100% ao olhar mais para si... 100% aos ricos...encontram sempre formas de isenção  Não taxarei os esquecidos e desprezados pela maioria Não taxarei os que vivem apertados nas periferias de todo tipo, aguardando quem os socorra. Não taxarei as mulheres agredidas e assassinadas... Não taxarei os que sofrem toda espécie de discriminação. Deixarei entrar sem taxas  os pobres  os desempregados,  os que choram escondidos  seus sofrimentos. Tenho um coração zeloso que taxa sempre os poderosos e os maus... Não dou prazos, nem volto atrás... Este o TARIFAÇO que estabeleço

CONSCIÊNCIA

   Examino a consciência...  desafia a superar,  a rara compreensão... Ó solitária angústia!   Ó degraus de mim! Guarda um silêncio  observante, infante  em véspera do combate  a segurar a lança. Hostil,  incendeia o horizonte  em dimensões inauditas. Insaciada  das mansas margens  repouso da mundanidade,  sai às ruas  a busca  de quem a entenda. Tudo pela consciência! Tudo pelo coração! Gestada dentro  busca  boca a fora,  quem a decifre  de si mesma,  independe dela.

FREIOS E ARREIOS

  Desculpem o quanto escrevo,  é que os poetas são tão poucos,  versos esporádicos  em mundo hostil,   Tempos de violência  em lugar de palavras,   quem sabe abra grades, tão fechadas grades... Recito,  não respondem... Não há janelas,  onde possam debruçar  o tempo, o amor...  encontro de si mesmos. Ausente permanência... Quem sabe voltem a si,  das afogadas existências,  continências inúteis,  raivosas... Ah o poeta quer despertar,  tem apenas a palavra,  prisioneira  de mantras, freios  e arreios... Canta  a toda hora,  fora de hora,  nem sempre encanta... O poeta carrega  um coração solitário,  desdobra o vocabulário,  não arrega...

Vem aí o PÓ DAS ESTRADAS

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 Estarei lançando meu setimo livro de poemas no dia 16/08/2025, no espaço Scortecci.  Estarei lá desde as 16H00 até as 20H00, rua Deputado Lacerda Franco, 98, Pinheiros, São Paulo.  Conto com a presença dos amigos e viciados em poesia. Saudações literárias  F

TRÉGUA

   Abro uma trégua,   unilateral, não é possível  esperar o outro lado. Trégua  desta guerra diária  das pessoas  que se olham no espelho,  não se reconhecem, passam por cima  umas das outras. Trégua  do amor descartado,  guardado no passado. Trégua de mim, de você, de nós... É preciso retirar os corpos,  caíram  em meio aos confrontos,  estão expostos ainda  nos campos de batalha,  clamam por justiça. Vou interromper a noite  de seu interpelar eterno,  conduzí-la  para o frio abandono... lá poderá rever-se  do turbilhão oco. Quem encontrará espaços  em meio às imensas tensões? Porquê as forças estão abaladas,  chega a hora...

TRANSFORMAÇÃO

   As palavras que não vieram,  poder solto de sentidos,  acalentariam tantos... É preciso saber regar, o tempo certo  de serem aceitas. A manhã  enche as palavras de esperanças;  à tarde   estão cansadas,  quase desistem; à noite,  podem ser pescadas  em meio as estrelas,  guardadas para o dia seguinte. Precisam cair  de suas aparências  distantes,  abrirem seus perfumes,  calarem fundo.  Precisam metabolizar ações,  recheadas de confiança,  retirar o sonho  ainda adormecido,  tornarem-se reais. É preciso encontrar  as palavras que movem,  estão aí...  As palavras que não vieram,  poder solto de sentidos,  acalentariam tantos... É preciso saber regar, o tempo certo  de serem aceitas. A manhã  enche as palavras de esperanças;  à tarde   estão cansadas,  quase desistem; à noite,  podem ser pescadas  em meio as estre...

NUVENS...

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NEGOCIAÇÃO GANHA/PERDE

 É assim que age Donald Trump com o mundo.  Com o Brasil há o agravante dele apadrinhar seus protegidos de ideologia, enveredando-se na seara política na negociação entre duas nações.  O Brasil deve buscar negociar demarcando claramente que não admitimos abrandar julgamento de golpistas. Assim seguiremos, com coragem e patriotismo contra os traidores da pátria 

COMO PODEREI...

  (continuando os porquês de Pablo Neruda) Quem me protegerá das estrelinhas  que piscam sem cessar,  esperando que lhes corresponda o convite... cometas que se aventuram a sós,  escuridão profunda,  borboletas distraídas,  insensatas,  em diferentes flores? Quem me protegerá da cegueira  dos morcegos  nos Sóis  dos vagalumes? Quem irá acalentar-me  dos grandes ruídos,  longe dos dominicais  latidos de cães? Acaso poderei acalmar o mar,  enamorado da Lua,  examinando acurada  este líquido amor? Como posso fazer conviver  as  raízes fraternalmente  sem que se sufoquem? Consigo avivar os livros  de suas solidões  apertadas das bibliotecas? Atingirei os vértices,  gozos cósmicos,   dos alongados arranha-céus,   em seus arroubos divinos? Conseguirei esconder nos varais,  as ações realizadas nas roupas?   Contam intimidades? As ventanias incertas...

COMPREENSÃO

   Não interrompo mais,  não grito mais... O amanhecer busca  a fragilidade das fontes,  esquecidas nas correntes caudalosas. A transparência das águas  que brotam da terra  escala as montanhas do tempo,  cheias das vertigens  dos longos caminhos. É preciso guardar-se cedo  do Sol escaldante  antes que tudo endureça  e voltemos a estar a sós.  Reunir no bojo da experiência  o aproveitar dos olhos,  o encontro das palavras certas. Quem sabe as nuvens então  possam conduzir  os cegos ventos  a poentes de compreensão.  Pouco falo...

PROJETOS

  Rezava baixinho  para não despertar  a casa do Sol. Nela, o mundo vivia  o calor da hora  o suor da sobrevivência. Impedia o silêncio, encontro de si mesmo. As perguntas surgiam  como cachos,  sugerindo  cores,  odores,  paladares,  tatos,  em pencas  de encontros... Os pensamentos  confundiam  altares e marés,  lançavam caminhos, verdades súbitas,   num turbilhão  confuso de projetos... Tudo a ser feito  e o tempo  exaurindo-se rápido. O fim será sempre  o esgotamento  satisfeito  do viver,  incompleto...

EMERGINDO

  Guardo apenas para mim. Monólogo  entre mantras,  heterônimo perdido  dos encontros,  onde palavras  perdem substância,  sensação de trevas humanas. Onde estou (?)  talvez não possa  ser encontrado. Quem sabe puxe  algum elo  que me sustente  além das eternas duvidas, vagarosamente esclarecidas.

A SETE CHAVES

  Não não vou perguntar, nem procurar... Vou guardar meu rosto impassível,  tentarei a difícil tarefa de desatar nós. Mundo de confluências secretas,  ali escondem-se as grandes fraquezas   deixadas das batalhas perdidas. Não ficaram espaços para caminhos novos. Desde cedo desafiei o nada  que se mostrava à frente. Pude descortinar  múltiplas descobertas,   experimentar temperos  multirraciais,  rezar diferente,  até descrer,  para me ver. Hoje,  reclinado no tempo,  sei que ainda tudo  continua aberto  na memória. Quem sou segue ermo,  mal se define...

IMPREVISTO

Ninguém pode saber... Irá interromper todo o andamento... Não quero que saibam,  quem sou pouco importa. Tenho consciência dos riscos,  do tempo que vai passando  sem que se faça algo.  Se acontecer  não saberão  que guardei silêncio . Peço que compreendam  esta atitude incompreensivel. Olho tanto as pessoas no que fazem  que prefiro não interrompê-las. Então sigo correndo riscos,  desprezando a vida. Grande é o perigo,  faço despedidas silenciosas  todas as noites.  Não contem a ninguém,  porque continuo o caminho.

TRAMA E TRAUMA

  Hoje não trago nada... Os caminhos,  repletos de armadilhas  ainda perduram, circunscrevem a língua,  modulam olhares,  definem o percurso  Precisei olhar ao lado perceber mais,  ser diferente,  sem a trama,  sem o trauma A ditadura perdurou muito após  estar encerrada. Ficou a difícil mudez  das torturas  o olhar em volta,  rodear antes de chegar, estar sendo vigiado, desconfiado,  encontros sem destinos,  clandestinos Ficou uma coragem  mesclada com a morte  consciência distante  de esperança.. Ficou o sabor  dos desertos na boca seca a areia comprimindo  os passos,  sonhando miragens  de liberdade,  fugidias. Ficaram aplausos  no estalar dos dedos,  silenciosos,  a desconfiança sentada  na mesa ao lado. Ficou longe,  em casa, cabelo cortado  disfarce de terno,  o longo tempo de espera,  enquanto envelhecia. A liberdade na barba...

TIPOLOGIA

  Os que esquecem amizades não procuram,  desaparecem. Os que guardam remorsos,  remoem-se. Os fixos nos erros dos outros,  na construção dos valores,  não se olham.  Os que apenas se mostram,  nunca ouvem,  donos da verdade. Os nunca satisfeitos,  tudo tem seus defeitos,  perfeitos. Os que falam, e falam,  não ouvem,  nem se interessam. Os que são incapazes ,  sempre na superfície  de tudo que vêem e fazem. Os aproveitadores,  vivem na surdina,  de repente traem,   golpeiam. Os perdidos,  nem sabem  onde estão,  o que fazem. Os exageradanente alegres,  como estarão a sós? Os acima de todos,  superiores, vem e se afastam,   posudos. Os distraídos,  não percebem  oportunidades,  nem desejam. Os que não notam  quando são inconvenientes,  permanecem. Os maus,  com segundas intenções,  aproveitadores Os poetas,  não se contém,...

PORTAS ABERTAS

  Deixo as portas abertas... também aguardo portas abertas. Há uma mágica a ser feita,  não tem pé  nem cabeça... Pode ser um tato,  um olhar,  quem sabe um sorriso,  algumas palavras,  gestos? Nossas profundidades  encarceram línguas estranhas,  permanecemos nas entranhas.  Enquanto o café esquenta  antes da mesa posta,  refeitos de nós mesmos,  nossas mesmices,  esperamos superar,  nossos pobres cotidianos. Minhas portas abertas  dão vazão a quantos? ...em quais línguas?

Quem aguenta?

 Não existe mais tempo para nada. Não se sai mais da frente de um computador ou de um celular. Os jardins estão na frente, o mar acompanha ao largo... Nada é percebido, apenas as redes. Estou vendo a hora que as telas seremos nós, e fim... Se me revolto e deixo tudo isso, em pouquíssimo tempo serei ultrapassado e obsoleto, incapaz de integrar-me ao todo. Serei um banido... Deste jeito, então, concluo que não existem saídas...

ALIMENTO E PERSEGUIÇÃO

   Margarida e eu temos um acordo: Todas as compras no supermercado devem incluir também alimentos para o povo que vive pelas ruas da cidade. Esta foi uma decisão que tomamos meditando  a passagem de Mt,  "tive fome e me deste de comer..." Isto nos permitiu descobrir um mundo novo, em termos de romper com o egoísmo, o egocentrismo familiar, os preconceitos, pré-julgamentos. Descobrimos também como as pessoas são más,  a rudeza de parte dos policiais e dos comerciantes, dos governantes... O pior de tudo é  o desdém de grande parte da população.  Chegamos a conclusão que grande parte do povo qu se diz cristão, desconhece o entro da pregação de Cristo, o amor ao próximo até o fim. Somos excluídos por distribuir comida, e isto nos é motivo de grande alegria, pois quando somos criticados pela besta, sabemos que estamos no caminho certo

ALTERNÂNCIA

Risco o chão com palavras,  confundem-se com meus passos. Não sei qual me explica melhor. Apalpo como um cego  a grande realidade,  malgrado as vastas teorias. Sinto,  sem explicar,  as entranhas do meu ser,  estranhas ao meu ser  desconhecidas. O amor  passa por dentro e por fora O olhar  ultrapassa olhares, penetra, cega O tocar  possui notas musicais,  gravita entre abracos e afagos,  semibreves e fusas,  leves e confusas. O ouvir  discerne quando quer,  ou ensurdece. Mística etérea da concretude,  alternando sonho e realidade  no movimento do mar.

PLEBISCITO POPULAR

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  Está sendo organizado em todos Brasil um Plebiscito Popular, para ouvir  população sobre a redução da atual jornada de trabalho, de 6×1, que não permite só trabalhador usufruir do seu lazer junto à família, por completa falta de tempo.  Também este Plebiscito quer saber a opinião do povo sobre aumentar os impostos dos mais ricos, principalmente dos que ganham mais de R$ 50.000,00 por mês.  Este Plebiscito irá até 07 setembro de 2025 e será entregue no Congresso Nacional.

RASTROS...

  As passagens permanecem  nas ausências distantes, vestígios de finitudes.. Gritos tribais ecoam,  desafiam a contemporaneidade,  passado remoto a exaltar  o tempo das cavernas. Meus momentos  estão sempre morrendo,  deixam lembrancas  progressivamente menores. Mal vejo o que ficou,  sei que continuo em mim,  pela resina apegada ao coração,  comprimindo as veias. Quem sabe estes versos, ou outros... Quem sabe o beijo marcado  no limiar de uma  conjuntura,  ultrapassem gerações,  flutuem junto às marés. Apego-me ao nada  enquanto algo impele-me a um tudo desconhecido. Sou pó antes de ser pedra,  orvalho antes da nuvem,  pequena fonte antes do alto mar. Sou você e eu  nas mesmas circunstâncias,  desavisados peregrinos

COMPORTAS

  Tenho grandes comportas... delas fluem sangue e mel. Descansam de suas cheias... Estão represadas de seus percursos insólitos.  Parecem mortas... Aguardam as distrações da grande ordem  para irromperem solenes e profanas. Desdenham os silêncios do tempo,  decifram as sete chaves  em que estão colocadas. Olham os dias  como correm,  conscientes  dos vazios deixados. Às vezes forçam as saídas,  e sofrem os reveses  da grande ordem...

PREDITO

  No fim, o tempo  cobre de flores o dorso,  presente nunca recebido  em vida. Quem sou,  mais do que amado,  será esquecido. Transpor o último útero  será inusitado,  desconhecido Deixamos perguntas  a nós mesmos,  questionando intensamente,  algo por fazer,  como se ainda  fôssemos ficar. Ame, lute, vá até o fim  em tudo que fizer,  quem sabe descanse melhor.  A ilógica da fé poderá ajudar Não está predito o tempo.

DESPEDIDAS

  Despedidas nos acompanham... Seres buscam  novidades sempre,  não querem perder nada, por isso sofrem despedidas. Não há um dia sem despedidas... Se não houvessem  caminhos abertos à frente,  grandes seriam as dores... O tempo concorre  para amansar a dor,   transformá-la  em melancolia,  nostalgia,  molda a face,  o dormir,  o olhar... Quando se levanta,  antes do Sol,  se faz clara  esta turva e ingênua caminhada... nos aborda com perguntas. Sem respostas  olhamos para trás,  surpresos das imensas distâncias,   calculamos tardiamente,  terrenos por cultivar. A dor está nos olhos,  se projetam  para frente,  para o alto depois esmorece,  apega-se à face Despeço-me incompleto,  por todos os tipos de despedidas,  sabores não acrescentados ao convívio,  intimidades evitadas,  e burilo a mente  contantemente,  antes do Sol levantar. Ai...

VIVER CAIÇARA

de JOBAN ANTUNES,  poeta. Viver Caiçara Viver caiçara é saber a hora da maré, é ouvir o canto da canoa mesmo quando o mar se cala. E a brisa nos fala Enquanto voa É casa de pau a pique, telhado de sapê, rede armada no terraço colher goiaba no mormaço e o cheiro do peixe frito misturado ao vento e regado com café. O tempo ali não se espera Acontece como um marasmo Que as velas não ufanam De um barco que já não veleja Das ondas que como espasmo Não se permite que veja O nascer de nova era É a criança descalça, Brincando na beira mar mão calejada no remo que num esforço supremo nos desperta de sonhar história que são contadas na beirada do fogão enquanto a lenha crepita e o incrédulo acredita em histórias de assombração Viver caiçara é saber que a vida é simples e bonita como a onda majestosa que a areia vem beijar essa onda carinhosa que depois volta para o mar.  https://www.facebook.com/share/p/1GG5DN9wRN/

DESVENDAR

  Vou descartando  espectros inúteis  na desvendável estrada. Seus caminhos  desconhecidos  surpreendem  posturas temporãs. Redescubro-me  ruborizado  dos infartos  ensaiados  diariamente. Assim sou,  assim vou. Não há tempo  para ser o mesmo,  confundo-me  encontrando  novas matrizes. Esquecido das fases contraio e expando... sobram líquens  dos grandes confrontos  de estruturas. A morte está em jogo... e jogo não fecha... Ai de mim  desatenta criança  sempre surpresa com o mundo...

CONFIDÊNCIA SOLITÁRIA

  Permaneço tanto em mim,  que tenho ciúme dos outros... Nada apetece... Sou o perseguidor  da essência,  o licor da vida,  escondida  em algum lugar ermo,  perdido no tempo. Vastos são os chamados  por onde caminho só. Convidam sempre,  e não encontro... Trazem convites formais  que não resolvem. Talvez me perca  para sempre,  e ao voltar,  não consiga  mostrar. Por isso,  revisto-me  como múmia,  tão longo,   íntimo  e solitário,  o caminho...

RETIDO

RETIDO Estou parado  em uma página,  condensa séculos... Voo a reconstrução  do tempo,  na leitura. Decifro personagens,  a produção de ideias,  acontecimentos. Quem sabe traga  lições para hoje,  conheça melhor  esta época. Quem sabe encontre  saídas da leitura  para a vida,   decifre os sonhos  que fazem ler. Há policiais  na esquina,  observando  se desvendei  os enigmas  do poder; segredo  de conversar,  um a um,  uma a uma,  até atingir  o todo.  Observam tudo,  se saí da página,  compreendi o conteúdo,  decifrei o mistério  de fazer conhecer.  O passado muda  com o presente,  confunde,  esclarece.  O passado torna-se  um imenso presente,  página que me retém...

SOL E LUA

  Desperto no mar alto,  adormeço por trás  das montanhas. Desperto alegre,  adormeço triste. Amanheço em sonhos,  anoiteço realista e só. Sou Sol,  Verão e Inverno,  dou a cara  aos ventos  de Outono,  delicio-me  nas Primaveras. Sou Lua, Cheia de vaidades, Minguante em depressões,  Nova ao fugir de tudo,  Crescente de esperanças.  Sou o Solstício sonolento   e um Equinócio desperto,  perdidos em balanças  espaciais... Sou Céu e Inferno, um subdeus na imensa  Via Láctea,  Transitando  em universo profundo. Sou tudo e nada,  amor e ódio,  amigo e inimigo,  uma barreira prisioneira,  chamada identidade... personalIdade...   Sou e não me escondo,  ou escondo...

DEFASADO

  Não há mais tempo  e estamos atrasados. Mal pensamos  e somos ultrapassados,   mal calculamos  e já estamos devendo. A vida correndo  atrás da vida,  a defasagem não existe  para os que desistem,  para os que vêem  a corrida é desigual. De um lado  mal sobrevivem;  de outro,  tudo aproveitam. Mundo violento e desumano,  explorador e voraz. É preciso praticar os sonhos,  escrever pequenos contos,  recitar novos versos. Porque  é de pouco  e de baixo  a resposta.  A esperança está embaixo.

SENTIDOS & IMAGINAÇÃO

  Os passos pensam,  as mãos passeiam,  a boca descobre o vulgar. Os olhos surpreendem,  os ouvidos silenciam,  a mente se cala. O vento anuncia,  o mar domina,  o céu escurece. A paz nutre-se  das grandes guerras,  a esperança crê  nela mesma. Uma vela  acaricia a escuridão  com sua luz,  caminha contra o mundo. Uma estação  reflete a presenca  e a ausência,  fortalece-se. Não há caminhos claros,  há um despertar constante. O mais,  é inusitado,  é deixar-se levar.

PEQUENA REFLEXÃO

  A alegria é um gozo supremo, invasão do céu sobre a carne... A tristeza é ausência completa Não domino uma e outra,  aprecio-as. Sou próximo  do que penso,  curtido em anos  sem fim

DEFASADO

  Não há mais tempo  e estamos atrasados. Mal pensamos  e somos ultrapassados,   mal calculamos  e já estamos devendo. A vida correndo  atrás da vida,  a defasagem não existe  para os que desistem,  para os que vêem  a corrida é desigual. De um lado  mal sobrevivem;  de outro,  tudo aproveitam. Mundo violento e desumano,  explorador e voraz. É preciso praticar os sonhos,  escreverpequenos contos,  recitar novos versos. Porque  é de pouco  e de baixo  a resposta.  A esperança está embaixo.

RESISTÊNCIA

  O tempo pisa macio  para não chamar a atenção.  Faz da caminhada  uma distração de si mesma... De quando em quando  visita a infinita estrada  questionando a validade da noite,  suas imensas interrogações,  logo esquecidas... Vivo como um sonâmbulo,  de descobertas tardias,  nunca formuladas,  e marco presença consentida,  diante dos poderes constituídos.  Ao justificar,   apego-me à solidao como refúgio  de um mundo novo, e sigo em frente,  resistindo... Ah...se apertassem os punhos, das palmas abertas que semore aguardam... Ah...se os roncos fossem cânticos celestiais, de um mundo sem disfarces...

DEIXA PRA LÁ

  Eu queria falar  sobre o Envelhecimento  para você,  mas esqueci  o que dizer... deixa pra lá.  Falar com aquele meu amigo o... bem José alguma coisa... brincamos muito em.. é...muitos lugares. Dizer que esqueci  meus óculos... no...rosto. Por isso,  sou motivo de riso,  e acabo rindo  de mim também,  de minhas palhaçadas senis. Afinal,  ser motivo de riso  sempre é bom. O esquecimento ensina a humildade. O tempo passa  e vai apagando  hábitos,  amigos,  lugares,  vou me acostumando  com este apagar  lento e distraído. Convivo com o presente  em alta voltagem  de reflexão,  mais instintos soltos,  afinal ainda sou gente. Mantenho meus interesses  neste mundo,  mas quem quer saber  o que penso? Nas letras me aprofundo,  mas quem ouve? Cada um,  no fim,  pensa mais  em si mesmo,  e guarda  uma nesga fraterna... Vou seguindo ...

ÂNSIA SOLITARIA

  Tu...passando por cima  de mim com esta exuberância toda... Nem um batalhão de choque  seria capaz de impedir-me  rasgá-la com minha língua de anzóis.  Em quantas trincheiras  já não me ocultei,  aguardando a chance  de fisgá-la,  antes dos girassois  a roubarem  o encantamento...  Quantos vinhos... quantas vinícolas  seriam necessárias  para que  a árvore da vida  desse frutos,  e pousasses  em meus galhos? Percorro  sinuosos campos   atento às palavras  que escapam  da multidão... Quem sabe voltes  de teus afazeres  ancestrais,  tuas noites  interminaveis, prisioneira das torres  de comunicação... Quem sabe tremas  ao me encontrar... Dos largos  espaços inexplorados  escapam  peixinhos vermelhos  balbuciando,  secreta linguagem  marítima... Teus segregos,  recônditos,  lançam, decididos, tua carruagem...

UM DIA APÓS O OUTRO

  Um descobrir encoberto, um desencaminhado caminho, um encontro desencontrado... Uma fuga fugaz  um comer comedido,  um fazer desfeito. Um provar desprovido,  um amar reamado,  um mamar desmamado. Um mover removido, um parar amparado,  um valor desvalido.  Um subir súbito,   um desservir servido,  um partir repartido. Um desalentado lamento,  um contemporâneo extemporâneo,  uma insegura segurança.  Um amanhã de manhã,   uma sonolenta insônia,  um disparar reparado. Um corretivo corrigido  um correr escorrido,  um voltar envolvido Um conhecer desconhecido. um contraditório contrito, Um dia adiado...

QUANDO EM MIM

  O tempo  a ruga no rosto.  O tempo  a consciência na mente. O tempo  que não mente. Olho no espelho  o passar do tempo  e contemplo  o relógio da vida. Sou as velhas badaladas,  de um relógio,  que ecoam  nos vales interiores  interrogando porquês,  sedimentando sabedoria.  Um filtro  apura os sentimentos,  pernoita na realidade. Imensos portais  cuidam feridas  sempre abertas: Porque fiz assim? Porque não fiz assado? Meus pés  são reflexões tardias,  lições para hoje Aceito-me como sou,  com as marcas do tempo  servindo como ungüento,  nesta caminhada sem fim.  Sigo como quem  não vê a morte,  mas ciclos  melhor observados,  e aguardo partilhas de saídas... Nada termina...  não há fim... há o descobrir o novo  esperando realizar-se;  há viver e isto basta

LUTA PELO MEIO AMBIENTE

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 Estive em um ato político em Ubatuba em repúdio a um projeto de lei aprovado no Senado brasileiro, que praticamente retira toda a proteção ambiental e libera geral as obras no país.  Levei a posição da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, contrária a este Projeto de Lei