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Mostrando postagens de 2025

TIPOLOGIA

  Os que esquecem amizades não procuram,  desaparecem. Os que guardam remorsos,  remoem-se. Os fixos nos erros dos outros,  na construção dos valores,  não se olham.  Os que apenas se mostram,  nunca ouvem,  donos da verdade. Os nunca satisfeitos,  tudo tem seus defeitos,  perfeitos. Os que falam, e falam,  não ouvem,  nem se interessam. Os que são incapazes ,  sempre na superfície  de tudo que vêem e fazem. Os aproveitadores,  vivem na surdina,  de repente traem,   golpeiam. Os perdidos,  nem sabem  onde estão,  o que fazem. Os exageradanente alegres,  como estarão a sós? Os acima de todos,  superiores, vem e se afastam,   posudos. Os distraídos,  não percebem  oportunidades,  nem desejam. Os que não notam  quando são inconvenientes,  permanecem. Os maus,  com segundas intenções,  aproveitadores Os poetas,  não se contém,...

PORTAS ABERTAS

  Deixo as portas abertas... também aguardo portas abertas. Há uma mágica a ser feita,  não tem pé  nem cabeça... Pode ser um tato,  um olhar,  quem sabe um sorriso,  algumas palavras,  gestos? Nossas profundidades  encarceram línguas estranhas,  permanecemos nas entranhas.  Enquanto o café esquenta  antes da mesa posta,  refeitos de nós mesmos,  nossas mesmices,  esperamos superar,  nossos pobres cotidianos. Minhas portas abertas  dão vazão a quantos? ...em quais línguas?

Quem aguenta?

 Não existe mais tempo para nada. Não se sai mais da frente de um computador ou de um celular. Os jardins estão na frente, o mar acompanha ao largo... Nada é percebido, apenas as redes. Estou vendo a hora que as telas seremos nós, e fim... Se me revolto e deixo tudo isso, em pouquíssimo tempo serei ultrapassado e obsoleto, incapaz de integrar-me ao todo. Serei um banido... Deste jeito, então, concluo que não existem saídas...

ALIMENTO E PERSEGUIÇÃO

   Margarida e eu temos um acordo: Todas as compras no supermercado devem incluir também alimentos para o povo que vive pelas ruas da cidade. Esta foi uma decisão que tomamos meditando  a passagem de Mt,  "tive fome e me deste de comer..." Isto nos permitiu descobrir um mundo novo, em termos de romper com o egoísmo, o egocentrismo familiar, os preconceitos, pré-julgamentos. Descobrimos também como as pessoas são más,  a rudeza de parte dos policiais e dos comerciantes, dos governantes... O pior de tudo é  o desdém de grande parte da população.  Chegamos a conclusão que grande parte do povo qu se diz cristão, desconhece o entro da pregação de Cristo, o amor ao próximo até o fim. Somos excluídos por distribuir comida, e isto nos é motivo de grande alegria, pois quando somos criticados pela besta, sabemos que estamos no caminho certo

ALTERNÂNCIA

Risco o chão com palavras,  confundem-se com meus passos. Não sei qual me explica melhor. Apalpo como um cego  a grande realidade,  malgrado as vastas teorias. Sinto,  sem explicar,  as entranhas do meu ser,  estranhas ao meu ser  desconhecidas. O amor  passa por dentro e por fora O olhar  ultrapassa olhares, penetra, cega O tocar  possui notas musicais,  gravita entre abracos e afagos,  semibreves e fusas,  leves e confusas. O ouvir  discerne quando quer,  ou ensurdece. Mística etérea da concretude,  alternando sonho e realidade  no movimento do mar.

PLEBISCITO POPULAR

  Está sendo organizado em todos Brasil um Plebiscito Popular, para ouvir  população sobre a redução da atual jornada de trabalho, de 6×1, que não permite só trabalhador usufruir do seu lazer junto à família, por completa falta de tempo.  Também este Plebiscito quer saber a opinião do povo sobre aumentar os impostos dos mais ricos, principalmente dos que ganham mais de R$ 50.000,00 por mês.  Este Plebiscito irá até 07 setembro de 2025 e será entregue no Congresso Nacional.

RASTROS...

  As passagens permanecem  nas ausências distantes, vestígios de finitudes.. Gritos tribais ecoam,  desafiam a contemporaneidade,  passado remoto a exaltar  o tempo das cavernas. Meus momentos  estão sempre morrendo,  deixam lembrancas  progressivamente menores. Mal vejo o que ficou,  sei que continuo em mim,  pela resina apegada ao coração,  comprimindo as veias. Quem sabe estes versos, ou outros... Quem sabe o beijo marcado  no limiar de uma  conjuntura,  ultrapassem gerações,  flutuem junto às marés. Apego-me ao nada  enquanto algo impele-me a um tudo desconhecido. Sou pó antes de ser pedra,  orvalho antes da nuvem,  pequena fonte antes do alto mar. Sou você e eu  nas mesmas circunstâncias,  desavisados peregrinos

COMPORTAS

  Tenho grandes comportas... delas fluem sangue e mel. Descansam de suas cheias... Estão represadas de seus percursos insólitos.  Parecem mortas... Aguardam as distrações da grande ordem  para irromperem solenes e profanas. Desdenham os silêncios do tempo,  decifram as sete chaves  em que estão colocadas. Olham os dias  como correm,  conscientes  dos vazios deixados. Às vezes forçam as saídas,  e sofrem os reveses  da grande ordem...

PREDITO

  No fim, o tempo  cobre de flores o dorso,  presente nunca recebido  em vida. Quem sou,  mais do que amado,  será esquecido. Transpor o último útero  será inusitado,  desconhecido Deixamos perguntas  a nós mesmos,  questionando intensamente,  algo por fazer,  como se ainda  fôssemos ficar. Ame, lute, vá até o fim  em tudo que fizer,  quem sabe descanse melhor.  A ilógica da fé poderá ajudar Não está predito o tempo.

DESPEDIDAS

  Despedidas nos acompanham... Seres que buscam  novidades sempre,  não querem perder nada. Por isso sofrem despedidas. Não há um dia sem despedidas... Se não houvessem  caminhos abertos à frente,  grandes seriam as dores... O tempo concorre  para amansar a dor,   transformá-la  em melancolia,  nostalgia. Molda a face, o dormir, o olhar... Quando se levanta antes do Sol,  se faz clara  esta turva e ingênua caminhada,  nos aborda com perguntas... Sem respostas  olhamos para trás surpresos  das imensas distâncias deixadas,   calculamos tardiamente,  terrenos por cultivar. A dor está nos olhos,  se projetam  para frente,  para o alto desaparece. Despeço-me incompleto,  por todos os tipos de despedidas,  sabores não acrescentados ao convívio,  intimidades evitadas,  e burilo a mente  contantemente,  antes do Sol levantar. Ainda espero vires do passado  ...

VIVER CAIÇARA

de JOBAN ANTUNES,  poeta. Viver Caiçara Viver caiçara é saber a hora da maré, é ouvir o canto da canoa mesmo quando o mar se cala. E a brisa nos fala Enquanto voa É casa de pau a pique, telhado de sapê, rede armada no terraço colher goiaba no mormaço e o cheiro do peixe frito misturado ao vento e regado com café. O tempo ali não se espera Acontece como um marasmo Que as velas não ufanam De um barco que já não veleja Das ondas que como espasmo Não se permite que veja O nascer de nova era É a criança descalça, Brincando na beira mar mão calejada no remo que num esforço supremo nos desperta de sonhar história que são contadas na beirada do fogão enquanto a lenha crepita e o incrédulo acredita em histórias de assombração Viver caiçara é saber que a vida é simples e bonita como a onda majestosa que a areia vem beijar essa onda carinhosa que depois volta para o mar.  https://www.facebook.com/share/p/1GG5DN9wRN/

DESVENDAR

  Vou descartando  espectros inúteis  na desvendável estrada. Seus caminhos  desconhecidos  surpreendem  posturas temporãs. Redescubro-me  ruborizado  dos infartos  ensaiados  diariamente. Assim sou,  assim vou. Não há tempo  para ser o mesmo,  confundo-me  encontrando  novas matrizes. Esquecido das fases contraio e expando... sobram líquens  dos grandes confrontos  de estruturas. A morte está em jogo... e jogo não fecha... Ai de mim  desatenta criança  sempre surpresa com o mundo...

CONFIDÊNCIA SOLITÁRIA

  Permaneço tanto em mim,  que tenho ciúme dos outros... Nada apetece... Sou o perseguidor  da essência,  o licor da vida,  escondida  em algum lugar ermo,  perdido no tempo. Vastos são os chamados  por onde caminho só. Convidam sempre,  e não encontro... Trazem convites formais  que não resolvem. Talvez me perca  para sempre,  e ao voltar,  não consiga  mostrar. Por isso,  revisto-me  como múmia,  tão longo,   íntimo  e solitário,  o caminho...

RETIDO

RETIDO Estou parado  em uma página,  condensa séculos... Voo a reconstrução  do tempo,  na leitura. Decifro personagens,  a produção de ideias,  acontecimentos. Quem sabe traga  lições para hoje,  conheça melhor  esta época. Quem sabe encontre  saídas da leitura  para a vida,   decifre os sonhos  que fazem ler. Há policiais  na esquina,  observando  se desvendei  os enigmas  do poder; segredo  de conversar,  um a um,  uma a uma,  até atingir  o todo.  Observam tudo,  se saí da página,  compreendi o conteúdo,  decifrei o mistério  de fazer conhecer.  O passado muda  com o presente,  confunde,  esclarece.  O passado torna-se  um imenso presente,  página que me retém...

SOL E LUA

  Desperto no mar alto,  adormeço por trás  das montanhas. Desperto alegre,  adormeço triste. Amanheço em sonhos,  anoiteço realista e só. Sou Sol,  Verão e Inverno,  dou a cara  aos ventos  de Outono,  delicio-me  nas Primaveras. Sou Lua, Cheia de vaidades, Minguante em depressões,  Nova ao fugir de tudo,  Crescente de esperanças.  Sou o Solstício sonolento   e um Equinócio desperto,  perdidos em balanças  espaciais... Sou Céu e Inferno, um subdeus na imensa  Via Láctea,  Transitando  em universo profundo. Sou tudo e nada,  amor e ódio,  amigo e inimigo,  uma barreira prisioneira,  chamada identidade... personalIdade...   Sou e não me escondo,  ou escondo...

DEFASADO

  Não há mais tempo  e estamos atrasados. Mal pensamos  e somos ultrapassados,   mal calculamos  e já estamos devendo. A vida correndo  atrás da vida,  a defasagem não existe  para os que desistem,  para os que vêem  a corrida é desigual. De um lado  mal sobrevivem;  de outro,  tudo aproveitam. Mundo violento e desumano,  explorador e voraz. É preciso praticar os sonhos,  escrever pequenos contos,  recitar novos versos. Porque  é de pouco  e de baixo  a resposta.  A esperança está embaixo.

SENTIDOS & IMAGINAÇÃO

  Os passos pensam,  as mãos passeiam,  a boca descobre o vulgar. Os olhos surpreendem,  os ouvidos silenciam,  a mente se cala. O vento anuncia,  o mar domina,  o céu escurece. A paz nutre-se  das grandes guerras,  a esperança crê  nela mesma. Uma vela  acaricia a escuridão  com sua luz,  caminha contra o mundo. Uma estação  reflete a presenca  e a ausência,  fortalece-se. Não há caminhos claros,  há um despertar constante. O mais,  é inusitado,  é deixar-se levar.

DEFASADO

  Não há mais tempo  e estamos atrasados. Mal pensamos  e somos ultrapassados,   mal calculamos  e já estamos devendo. A vida correndo  atrás da vida,  a defasagem não existe  para os que desistem,  para os que vêem  a corrida é desigual. De um lado  mal sobrevivem;  de outro,  tudo aproveitam. Mundo violento e desumano,  explorador e voraz. É preciso praticar os sonhos,  escreverpequenos contos,  recitar novos versos. Porque  é de pouco  e de baixo  a resposta.  A esperança está embaixo.

RESISTÊNCIA

  O tempo pisa macio  para não chamar a atenção.  Faz da caminhada  uma distração de si mesma... De quando em quando  visita a infinita estrada  questionando a validade da noite,  suas imensas interrogações,  logo esquecidas... Vivo como um sonâmbulo,  de descobertas tardias,  nunca formuladas,  e marco presença consentida,  diante dos poderes constituídos.  Ao justificar,   apego-me à solidao como refúgio  de um mundo novo, e sigo em frente,  resistindo... Ah...se apertassem os punhos, das palmas abertas que semore aguardam... Ah...se os roncos fossem cânticos celestiais, de um mundo sem disfarces...

DEIXA PRA LÁ

  Eu queria falar  sobre o Envelhecimento  para você,  mas esqueci  o que dizer... deixa pra lá.  Falar com aquele meu amigo o... bem José alguma coisa... brincamos muito em.. é...muitos lugares. Dizer que esqueci  meus óculos... no...rosto. Por isso,  sou motivo de riso,  e acabo rindo  de mim também,  de minhas palhaçadas senis. Afinal,  ser motivo de riso  sempre é bom. O esquecimento ensina a humildade. O tempo passa  e vai apagando  hábitos,  amigos,  lugares,  vou me acostumando  com este apagar  lento e distraído. Convivo com o presente  em alta voltagem  de reflexão,  mais instintos soltos,  afinal ainda sou gente. Mantenho meus interesses  neste mundo,  mas quem quer saber  o que penso? Nas letras me aprofundo,  mas quem ouve? Cada um,  no fim,  pensa mais  em si mesmo,  e guarda  uma nesga fraterna... Vou seguindo ...

ÂNSIA SOLITARIA

  Tu...passando por cima  de mim com esta exuberância toda... Nem um batalhão de choque  seria capaz de impedir-me  rasgá-la com minha língua de anzóis.  Em quantas trincheiras  já não me ocultei,  aguardando a chance  de fisgá-la,  antes dos girassois  a roubarem  o encantamento...  Quantos vinhos... quantas vinícolas  seriam necessárias  para que  a árvore da vida  desse frutos,  e pousasses  em meus galhos? Percorro  sinuosos campos   atento às palavras  que escapam  da multidão... Quem sabe voltes  de teus afazeres  ancestrais,  tuas noites  interminaveis, prisioneira das torres  de comunicação... Quem sabe tremas  ao me encontrar... Dos largos  espaços inexplorados  escapam  peixinhos vermelhos  balbuciando,  secreta linguagem  marítima... Teus segregos,  recônditos,  lançam, decididos, tua carruagem...

UM DIA APÓS O OUTRO

  Um descobrir encoberto, um desencaminhado caminho, um encontro desencontrado... Uma fuga fugaz  um comer comedido,  um fazer desfeito. Um provar desprovido,  um amar reamado,  um mamar desmamado. Um mover removido, um parar amparado,  um valor desvalido.  Um subir súbito,   um desservir servido,  um partir repartido. Um desalentado lamento,  um contemporâneo extemporâneo,  uma insegura segurança.  Um amanhã de manhã,   uma sonolenta insônia,  um disparar reparado. Um corretivo corrigido  um correr escorrido,  um voltar envolvido Um conhecer desconhecido. um contraditório contrito, Um dia adiado...

QUANDO EM MIM

  O tempo  a ruga no rosto.  O tempo  a consciência na mente. O tempo  que não mente. Olho no espelho  o passar do tempo  e contemplo  o relógio da vida. Sou as velhas badaladas,  de um relógio,  que ecoam  nos vales interiores  interrogando porquês,  sedimentando sabedoria.  Um filtro  apura os sentimentos,  pernoita na realidade. Imensos portais  cuidam feridas  sempre abertas: Porque fiz assim? Porque não fiz assado? Meus pés  são reflexões tardias,  lições para hoje Aceito-me como sou,  com as marcas do tempo  servindo como ungüento,  nesta caminhada sem fim.  Sigo como quem  não vê a morte,  mas ciclos  melhor observados,  e aguardo partilhas de saídas... Nada termina...  não há fim... há o descobrir o novo  esperando realizar-se;  há viver e isto basta

LUTA PELO MEIO AMBIENTE

 Estive em um ato político em Ubatuba em repúdio a um projeto de lei aprovado no Senado brasileiro, que praticamente retira toda a proteção ambiental e libera geral as obras no país.  Levei a posição da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, contrária a este Projeto de Lei

CORRENDO CONTRA O TEMPO

 Estou correndo  contra o tempo. O que mais temo  se aproxima. Seja uma flor,  uma toxina,  em tudo fico atento. Não se afaste,  evite desgastes...  O mundo  é aberto,   a realidade é o olhar... Não é mais tempo de conversas ... O vento bate às avessas  das conquistas   que aguardam  em céu cinzento. Rompa o lacre  das impossibilidades Viver é fazer

OCULTO INSEPULTO

Tenho incontáveis segredos. Guardo-os até de mim,  disfarçando não tê-los. Guardo  o velho rabugento  que mal se controla,   o conquistador  que não olhou o tempo,  o doente  que esconde a enfermidade,  o intelectual  solitário sem interlocutor.  Guardo  rosas não colhidas,  nuvens disformes,  amizades perdidas. Segredos em degredo. Expulsos,  internalizados em mim. A cada instante  um se forma,  se aloja num canto,  esquecido,   e ali pernoita  tempos sem fim. O ciúme compreendido,  os amores comedidos,  mortos insensatos. De tempos em tempos  provocam uma rebelião,  afrontam minha ordem  com altivez. "Nosso é o tempo"  "Somos o contratempo" A verdade completa!

DERRADEIRO (em memória de Jorge Barroso)

  Ao final  tudo é derradeiro,  desemboca  na mesma foz. Ser feito assim,  ou assado,  tem sua verdade  até a consumação,  quando percebemos  o mesmo destino  dos opostos.. O rio corre para o mar... as nuvens passageiras  se vão... capturo logo  o sentido dos ventos no afã invisível  dos movimentos, peixes em corredeiras,  aves longínquas  apreciam campos  íngremes escarpas. Vou como quem vê o fim  e não se importa,  marco a presença  dos pés na terra,  e percorro... Depois vejo o que ficou,  se fincou âncoras,   adernou-se  no caminho. Depois vejo se cresceu,  emudeceu,  ou transformou. Arranco do fundo  das entranhas  a enzima da vida,  corrida,  escorrida,   e a prendo  entre os dentes,  cerrados. Onde vou dar  neste mar,  é um dilema  pouco meditado  da busca  de um diadema oculto,  em ...

QUEM SE IMPORTA?

Hoje quero chorar,  baixinho,  a ninguém incomodar. Despir a dureza  da educação,  os grandes objetivos,  e confessar-me pequeno  e frágil. Hoje abro mão de tudo  dou ao coração  a vazão  da prisão  que o segura  tempos sem fim... Dizer que ainda  sou eu  e estou aqui... Sim, choro por mim  e pelo mundo... Quantas dores  me esbofeteiam  diariamente  o rosto  permaneço impassível... Hoje quero declarar-me  sempre pequeno  e necessitado,  descobrindo Deus  nas entranhas  dos sofrimentos. Quem se importa?

SONHO E REALIDADE.

O sonho é construção da realidade, e a realidade é como se vê a vida. Tudo está em nós e se desembaraça em nós.  Somos sonhos despertos. Quando não os temos, o terror se sobrepõe, ao tê-los, a esperança aflora, e realizamos maravilhas. A flor só é bela porque vivo o belo, singela,  por ser singelo. Por onde vem o que sou, deságua no entremeado da mente e do chão percorrido. A essência está no coração, dele deriva como será a construção  Mergulho no sentido de tudo isso, as vezes como expectador, contemplando a riqueza do ser humano, as vezes como construtor de vida e realidade. ...e uma linha perpassa o caminho.

OCULTO INSEPULTO

  Tenho incontáveis segredos. Guardo-os até de mim,  disfarçando não tê-los. Guardo  o velho rabugento  que mal se controla,   o conquistador  que não olhou o tempo,  o doente  que esconde a enfermidade,  o intelectual  solitário sem interlocutor.  Guardo  rosas não colhidas,  nuvens informes,  amizades perdidas. Segredos em degredo. Expulsos,  internalizados em mim. A cada instante  um se forma,  se aloja num canto,  esquecido,   e ali pernoita  tempos sem fim. O ciúme compreendido,  os amores comedidos,  mortos insensatos. De tempos em tempos  provocam uma rebelião,  afrontam minha ordem  com altivez. "Nosso é o tempo"  "Somos o contratempo" A verdade completa!

RECOLHO EXPERIÊNCIAS

  Recolho experiências  como quem sempre nasce. Tudo que é novo  vai sendo guardado  no alforje do coração.  Gera domínio do tempo,  novidades enfraquecidas  no longo convívio. Trazem  lágrimas e dores,  esperanças e sorrisos,  e acasos. Nunca tem  a palavra final,  continua aprendendo. Recolho experiências  como quem morre aos poucos...  quem quer saber... permanecem anônimas. O mundo corre  sem memórias,  esbarra na mesma  e repetida marola,  lua nova  oculta.

MARÉ BAIXA

Maré baixa, mar distante... há dias que de tudo  me ausento,  assento  num ponto,  e ali permaneço,   hiberno... O mundo que fique  com seus problemas,  eu com os meus,  já bastam. Não sinto  a direção dos ventos,  a correria do entorno,  estorvo, estorno. O Sol vem  e já me basta  o dia com seu calor,  em ausentar-me,  sem pudor,  voz dissonante,   vou calar-me. E a Lua muda,  esconde-se  em suas ausências,  inocente que se faz. ...e como tudo  muda na vida,  de repente,  e uma ressaca  esquecida,  me faz voltar... Assim vou...  da proa à popa,  definindo  ritmos,  compassos..  Minhas marés  levam e trazem... Lá vou eu ali,  e outra vez,  aqui...

CONFRATERNIZAÇÃO

Quero portas abertas, sorrisos largos,  abraços íntimos. Quero o encontro  da palavra  com a carne,  a expressão completa  que nos torna um. Quero o fim  dos rótulos,  das imensas ausências,  partidas sem encontros. Que a noite se despeça  e o dia avance  sem o sobressalto  dos sonhos  com as realidades,  e possamos  nos confraternizar  com tudo,  finalmente

INEXORÁVEL

  Passou o tempo  e esqueceste  que os prados  ate aguardam  para mostrar  sua incerteza de ventos,  invisibilidade de ser.... Estavas às portas  dos grandes umbrais  e não bateste! Como queres agora  apoderar-se das vitórias? O caminho  é pleno de incertezas,  temos que ir  averiguando tudo  tirando lições... Não venhas  com arroubos tardios,  que não preenchem vazios.  A vida é um constante desafio,  e só os fortes vencem. Bata a porta! Bata!

SE ME FALTAM PALAVRAS

  Se me faltam palavras,  então os fatos  falam mais alto,  ainda recolhem elementos... Também consideram  as oportunidades,  a surdez nos emudece. Tenho ainda  palavras prontas  sem ouvintes,  aguardam a virada  do tempo. Olho o horizonte,  me pergunto  se trago algo novo,  ainda guardo a pepita  que areja ambientes,  luzidia. Neste meio tempo,  transito entre afazeres  supérfluos,  questionando  suas extemporaneidades. Persegue-me  um ser completo,  que nunca se realiza...

INCONTIDO

  Não me contenho,  sou um aluvião permanente,  cheio de monções e vazantes. Expilo substratos indesejáveis  deste fim dos tempos,  como alívio alvejante,  e absorvo desejos  tecnológicos de IA,  que nenhum profeta sonharia. Não sei  se me entro,  ou me saio Extravaso milhares  de símbolos inúteis  e disperso o dia  em rotinas viciantes,  revoltado. Adquiro álibis  para tantas obviedades,  que ao final do dia  mal me encontro,  me identifico. Sinto-me no limiar do nada,  entre imaginações  fortuitas,  e um germe  que não rompe invólucros,  insiste em permanecer ali, latente.

SE ME DEIXARES ENTRAR. (prólogo do mistério)

  Se você deixar eu entrar,  quem sabe o que poderá ocorrer? Não peço muito,  apenas um abaixar a guarda,  um deixar fluir. Somos mansos,  e sofremos neste mundo,  por isso,   gritamos,  choramos,  sendo fortes  e ao mesmo tempo,  frágeis. O Sol vem todos os dias,  não pede licença,  simplesmente vem. Anoitece,  e cansados  tantas vezes  desprezamos a Lua. O mar está sempre à espera,  nas praias,  quer mostrar  sua grande distância,  à perder de vista,  e perdermo-nos junto a ele  nas imensidões. Tudo passa ao largo,  despercebido,  se não me deixas entrar. Tenho amor profundo,  você nem desconfia.  Quero lançar-te  nos montes mais elevados  onde possas contemplar  a mais íntima observação,  despertar teus sonhos seculares,  já se transformaram em mantras,  para não se apagarem. Ando contigo  na mais completa distração,...

PROCURO SAÍDAS

Procuro saídas  para meu coração. Ninguém conhece  suas grandes prisões,  nem onde  estão enterradas  suas partes... nunca morrem,  interrogam. Há ali um braseiro  sob as cinzas do tempo,  preservam-se  no inevitável passar... O portão que dá à rua,  preso a arames,  e o desafio dos nós,  demarca  educação e comunidade,  assim cresci. Livros abrem-se e fecham  nas brechas do cotidiano, convidam a repensar sempre,  a mesa e o mundo lá fora... Braseiro oculto dos erros,  becos dos retornos...  neles deposito  velhas ansiedades  que ainda fumegam,  espocam.  A alegre  dependência  da infância,  descobertas diárias,  semore novas. Ah...estes olhos  experientes  como doem  ao ensinar,  ao aprender, preferia a ingênua  estrada do belo,  natural,  inconsciente. Assim vou,  repartido  nesta somatória  desconexa  ...

INSERIDO

  Estrelinhas saíam  de meus olhos,  viajavam  até encontrarem lar.  A boca  amargava  conforme  segurava  momentos,   media,  desaguava. Depois,  vinha um rio,  onde as palavras  se deleitavam,  casavam,  febris, em oceano  profundo. Construíam o planeta. A realidade  mesclava  dor e sonhos. Os pés  sobre o chão duro  tinham o impacto  de lençóis nos varais  em dias de Sol,  conectavam terra e vento,  eu no mastro. Era preciso  repor a vontade  sobre a ordem,  dar espaço  às descobertas noturnas  antes que tudo voltasse  a ser pedra e pó.  Por isso  o tempo,  a velha  maturação  curtida,  diariamente,  por fora  dos significados,  criando... Observo,  pela manhã  a superfície  do mar,  em busca  de um fino  tapete,  onde guarda  meus sonhos. Faç...

HORA EXTRA

  Aprendi com a espera  até vir a forma,  nunca vem antes  das tempestades.  O tempo foi regando  a caneta no papel.  Letra sobre letra,  ideias soltas  desejando-se. Vivem dimensões difusas,  de quartos  de fundos  e janelas  escancaradas. Não tem pressa,  provém  de um eterno  observar,  antes de mim.

RESGATE

  Prisioneiro da consciência, combato em mim milênios de segregação, e muitas vezes desconheço o amor. Pego-me seco e intratável, depois descubro umbrais intransponíveis de minha auto dominação.  Saio com um sentimento de culpa por tanta permissividade de valores de segregação,  indiferença arraigada de classe, rejeição às pessoas. É preciso não desviar o olhar e admitir a diversidade de um mundo complexo neste tempo. As estruturas sufocam muito e vou tentando resgatar minha humanidade. Difícil...muito difícil.

PASSO E COMPASSO

  Vou dar um passo,  quem sabe  te veja melhor,  mais perto. Vou dar um jeito  de olhar melhor,  quem sabe  encontre o caminho  perdido no tempo... Sei das flores  que encontrei, seu perfume  entranhou saudade,  sigo pelo olfato... Sei das pedras,  questionam o movimento,  afogam raízes,  ainda machucam... Meu dilema exaure-se  por longos períodos,  as estações o alimentam  mais e mais... Suspenso o próximo passo,  respeito o pensamento  junto ao compasso

PEQUENO..

  Hoje estou pequeno e oculto. Poucos sabem de mim. Sobra-me o tempo do esquecimento. Com ele, cultivo a descoberta da transitoriedade. Ser eu mesmo sem pertencimento algum, vive a rejeição das ideias uniformes.  Ser pequeno é uma escolha dos que não pretendem ser escolhidos. Passa por uma auto rejeição de tudo, que na verdade é nada. O mundo é uma imensa falsidade de valores a contaminar ambientes e pessoas.  Perde-se a vida por nada, nem sabem que a perdem. Viva simplesmente a palavra que reflete o olhar, e deixe correr assim. Pequeno e silencioso...

FRANCISCO VIVE

 A Páscoa do Papa Francisco calou os fascistas no mundo inteiro. Até  seus inimigos confessos fingem-se de Santos, e escondem o sangue que tem nas mãos, para reverenciá-lo. Recuam de seus ódios. Despertou os comunistas, que se viram semelhantes. Está iluminando o mundo com o ar fresco e simples da verdade. Está unindo, a contragosto de seus líderes, muitas igrejas e religiões. Enfim, Francisco mesmo morto parece ressuscitado. Está chacoalhando o mundo de uma  humanidade que estava sendo descartada. Esta força toda que o iluminou é Jesus Cristo crucificado e ressuscitado.

CONFIDÊNCIAS

  A velhice é um demorado Adeus. Uma despedida  começa ao redor,  quando as amizades  simplesmente diminuem,  até ficarem poucas,  quase nenhuma Passos ficam lentos,  voz mais refletida,  que exercida,  vive-se mais dentro. As novidades  são antigas,  permanecem,   passam por fora. Vive-se um mundo  que já não existe. Aprende-se  a angústia  de ser só.  Segue-se um périplo,  silencioso,  até tudo se acalmar  com sua ausência,  logo esquecida,  ainda em vida Uma paz acompanha  a revisão do caminho  trilhado,  ora orgulhando,  ora penitenciando.  No fim,  em avaliação,   prevalece a compreensão  do perdão ilimitado,  a nós que não nos perdoamos. O quanto se tangenciou  na vivência escatológica  trará maior ou menor  aceitação da grande viagem. Caminho do tempo,  caminho de formação. Continuarei o aprendizado dep...

DISTRAÍ-ME

  Distraí-me nas luas... em qual me conheceste?  Imprevisto decifro  nuvens fugidias  antes que ventos cegos  expulsem os caminhos livres. Andei invisível,  hoje grito,  não sei a hora Distraí-me antes  que os lírios  despertassem  as ânsias  do perfeito. Distraí-me  enquanto andava nu,  sem regras,  revoltado com tudo... Conheces minha luas?

PÁSCOA ATUALIZADA NA IGREJA

  A morte vencida na esperança e a vida em despedida. Seu nome, Francisco. Amou tanto as pessoas, a ponto de criar uma Igreja em saída, com altares nas praças,  e fiéis nas sarjetas, nos escombros das guerras. Disse o que via sem esquivar-se aos poderosos, e sorriu muito por ter olhos bons. Tirou apetrechos inúteis e varreu os penduricalhos nas celebrações, dirigia-se ao principal, ao Senhor Jesus, ao Pai, ao Espírito Santo. O meio ambiente tornou-se seu verdadeiro altar, e os peixes, aves e as plantas os anjos que ornamentam o mundo. Seu testemunho continuará ecoando nos corações dos pequenos esquecidos deste mundo

OMISSÃO

  Eu não estava aqui,  eu não sentei à mesa,  não dirigi a palavra. Eu deixei correr  o que acontecia  sem me opor. Eu não parecia  estar presente,  nem observei  como devia. Eu olhava  para mim,  como o único. A realidade  foi sendo  desenhada  desenganada,  até desaparecer... Eu fingi  não ser comigo,  segui  como se tudo  estivesse bem... Hoje trago  a feição inexpressiva,  o corpo coberto,  a boca fechada. Hoje nada tem sabor. Busco-me em mim  e não mais  me encontro.

DESPERTAR

  Estes montes altos que sobrevivem nas penumbras... Estas florestas densas sempre desbravadas... o despertar dos grilos... esta noite que amanhece ao passear das mãos... este dorme e acorda não se decide... essa sensação de novo  no mesmo de sempre... Essa visita de vida constante... Este mar bravio sem margem... Este sonhar sobre a realidade... Esta calma da noite, absolvida... Estas pernas que abrem e fecham,  como conchas, tesouros profundos... este desejar das marés, feitiço por terra... esta sombra que não se assume,  estes olhos acostumando-se à luz. Estes beijos deixados à porta de entrada,  este convite para o amanhã...

MODÉSTIA

  Somos pouco conhecidos... das pequenas presenças,  ínfimas palavras. Não nos importamos  com modestas divulgações,   e dividimos alegremente  pequenos sucessos. Prezamos as pequenas palavras  e aguardamos longo tempo  até que possam ser ouvidas. Conhecemos os pequenos ouvidos,  que se posicionam,  não incluem o coração.  Somos das pequenas decisões,  nem precisam ser conhecidas. De tudo participamos sorrateiramente Raros os grandes conhecidos.   A estes nossos lauréis,  nossas reverências. Somos sonhos pequenos  que passam rápido... Se puderes, ouça...

AMANHECER

  Que nasça o dia e novamente pensamos tudo ser possível. O Sol nos faz levantar. Acendamos as esperanças que se apagaram no decorrer na noite. Despertar com olhos novos, novas palavras, ouvidos atentos. Uma brisa leve alegra pulmões compassados, acaricia o corpo, deus natural que interage através da natureza, Deus amplo. Há uma tumba onde guardamos as descrenças.  As vezes vem nos assombrar com suas dores de sempre. Que o dia siga com suas lutas e possamos ir colocando as descrencas, velório em vida, em seu devido lugar.

CANTO SOLO

  O poeta  canta  e espera,  depois chora.  Acredita sempre no verso,  como uma meia crença,  criança perdida  em meio ao mundo. Plantei uma primavera amarela  no canto da casa e já a vejo dar flores  do outro lado do muro O poeta é um ser só,  canta para si mesmo,  prepara o terreno e se diverte, eco interno. O poeta é um  palhaço mudo  que escreve,  cego que vê,  antevê Perdido no tempo  vive a temporalidade, está sempre  abrindo as portas e alertando, desperta a inconsciência...

CONFISSÕES NOTURNAS

O consolo dos meus erros  está na multidão de pecados  que se espraia pelo mundo. Minha falhas  tem muitas companhias, guardadas a sete chaves. Uma diz à outra:  cala a boca!  e assim vão vivendo  escondidas, a liberdade.  Solto a voz  como se alguém  pudesse ouvir do nada  e me amar.  A quem resta apelar? Meu corpo treme  à beira da transcendência,  viagem inusitada. Desperto nas lentas badaladas  do relógio, variando o pêndulo  pra cá e pra lá, sem pressa. Conto o tempo perdido em mim,  que desperdiço em nada,  enquanto lentamente  a aurora aguarda eu meditar.

NAO FAZER NADA

  De vez em quando me dá uma vontade de não fazer nada. Absolutamente nada. Vontade e voltar à estaca zero de tudo. Não digo a ninguém...não é segredo, nas sabe como são as pessoas, vão logo pondo explicações, teorias.  Acontece que este nada não quer se expor...quer ser sorrateiro. Afinal, chega o momento de se ter um cansaço de tudo, como se, de repente tudo perdesse a importância. Então, já vou dizendo,  não questionem! É assim mesmo, algo meio maluco que vai tomando conta de si, sem se materializar numa decisão formal. Depois de um tempo passa...

POR DENTRO DA DOR

Por dentro da dor,  há um caminho  de impotência  que obriga  a compreensão  adotar a humildade. Por meio dor,   que vem à tarde,  grandes virtudes  escorregam  de seus pedestais. Seremos então,  simplesmente,  José e João,  Maria e Débora,  com a simplicidade  do parto. Veremos então  as grandes distâncias  que nos pusemos,  desnecessárias, que  impedem   o ermergir  nas fontes  cristalinas  da naturalidade.  No grito da dor  ecoa também  o sofrimento  das estruturas,   que aprisionam,  sopram lençóis  secando  nos varais  do esconde esconde,  aplainam  encostas  retém desafios   matam os sonhos,  familias inteiras. Dor que não  se compactua  com a morte,  resiste à morte,  quer vida Dor que sofre,   tardia,  lavando  as cascas  do tempo. Por de...

DE REPENTE

  Pode ser eu... ser você,  não sei. Pode ser  a qualquer hora,  momento imprevisto. Pode não haver avisos,   enquanto tudo ocorre  conforme o programado. Pode ser até  que nunca se pense  nesta possibilidade,  que acontece. Porque o caminho  traz um início  e um fim  em cada passo,  relógio flutuante  do tempo,  vasto espaço  de esperancas  e descrenças.  Pode não acontecer  nada ainda,  ter de esperar  despreparada impaciência,  olhando possibilidades  e seguir desconhecendo  aquele instante acontecer...

VIDA QUE SEGUE

  Usar mais  os olhos,  os ouvidos não.  Mais as mãos,  não os pés.  Silenciar  a boca,  ouvindo o tempo,  menos energia. Guardar a mente  das futilidades,  refrescar a consciência,  pesa sempre muito. Não ser fechado,  mas também  evitar ser libertino  em abrir. Mais saber-se  convencer  que ter opinião. Não esquecer  de chorar junto  com o coração.  Estar por perto sempre,  mas saber sair também.  Ter pensamento aberto,  pensar livre,  é saudável. Gostar de amar,  brincar muito de amar. Abraçar quando é necessário,  e também gratuitamente,  sem segundas intenções . Descobrir cada momento  em sua circunstância,  entendendo sua frequência,  grau de exigência.  Despedir-se dos objetos  antes da morte,   ser simples,  mas se quiser  se cobrir de coroas  em vida, deixe,  mas permaneça  em silêncio,...

MEDITANDO "A ARGILA" DE RAUL DE LEONI

    Primeiramente vamos ao poema ARGILA, que me motivou a tentar conhecer melhor quem foi Raul de Leoni. ARGILA   Nascemos um para o outro, dessa argila De que são feitas as criaturas raras; Tens legendas pagãs na carnes claras E eu tenho a alma dos faunos na pupila...   Às belezas heróicas te comparas E em mim a luz olímpica cintila, Gritam em nós todas as nobres taras Daquela Grécia esplêndida e tranqüila...   É tanta a glória que nos encaminha Em nosso amor de seleção, profundo, Que (ouço de longe o oráculo de Elêusis),   Se um dia eu fosse teu e fosses minha, O nosso amor conceberia um mundo, E do teu ventre nasceriam deuses...     Raul de Leoni foi um poeta, e muito mais, do início do século XX, tendo vivido apenas 31 anos entre 1895 a 1926.   Fechou-se em casa, nos últimos 3 anos de vida, por razões de tuberculose, acompanhado por solidão forçada e quem sabe desejada também. Transita entre o final...

PROCURA TARDIA

  Estou procurando alguém... Ele se acha um pó. Anda disperso por aí,  pelas estradas da vida. Pouco ou nada influi,  apenas rega  os jardins,  observa muito  as formigas e retira as folhas  caídas... Constrói muros  e os derruba  a toda hora. Quando vê  o dia  já se foi. Deita-se insatisfeito  por não ter feito  a revolução,  mas percebe  legados de justiça  plantados, agora  envelhecido.  Conta o tempo  devagar,  nunca termina. Passa o dia  regando o jardim  debaixo do Sol.

DELETADO

  Tenho uma tecla  que me faz  perder tudo,  traído  pela tecnologia. Sinto-me como  terra arrasada,  terem arrancado  parte do corpo.  Não recuperarei  este pedaço  de alguma  coisa,  presa  num texto,  contexto,  deletado  sem querer. Vasculho onde passei,  rastreando com os olhos  para ver se encontro... Qual nada! Tudo perdido. Sigo deixando  partes úteis  e inúteis  de mim na indiferença  da vida,  enquanto suspiro  nos passos. Se encontrarem  me avisem,  se for importante...

AGUARDANDO

AGUARDANDO Tenho espaço para você,  veja como abro caminhos,  rego desertos. Quem sabe  você descubra  os mistérios  que guardo,  escondido  de todos, de mim... Tenho tempo para ti,  alertei a  fé,  impede de ver  espinhos e flores... Sonhas perfeições divinas,  amedrontam minhas dúvidas  na realidade sufocante... Tenho perguntas a fazer,  martelam e martelam: Porquê cruzas as pernas nas matas da cidade? Porque despes pernoites de vigílias? esvoaçam... Estrelas vagam em êxtase silencioso? Tenho tudo preparado,  aguardando que venhas,   passos escondidos  por onde observo tudo,  e não te encontro...

DISTRAÍ-ME

  Distraí-me nas luas... em qual me conheceste?  Imprevisto,  decifro nuvens fugidias  antes que ventos cegos  percam caminhos livres. Andei invisível,  hoje grito,  não sei a hora Distraí-me antes  que os lírios  despertassem  as ânsias  do perfeito. Distraí-me  enquanto andava nu,  sem regras,  revoltado com tudo... Conheces minha luas?

Edu Lobo - Reza — Vídeo TV Alemanha, 1966

#39 Entrelinhas Vermelhas | Um mês de Trump e o papel geopolítico da China

POR HORA...

  Vou deixar este momento para você.  Momento de leitura desinteressada e morna.  O quando, pode ficar impregnado de vida,  e retirá-lo deste estado letárgico inconsciente  em que deitas o dia,  e sombras disfarçam a realidade.  Tão simples é o segredo,  que pode alavancar teu ser,  dos velhos horários  das camas eternas. Dê-se a oportunidade de ser,  estique as velhas dobras  em que foste embrulhado  como a um presente  para a ordem.. Porque tudo está à mão,   tudo pode acontecer.  Importa o permanente despertar.  Importa caminhar  surpreso com a verdade do dia  o mistério da noite. Pertenço a mim,  montanhas,  abismos  e planícies.  Pertenço ao mundo,  sou mundo Pertencimento  múltiplo  desconhecido.

UM DIA...

  Um dia  tudo se apaga. Os aromas e sabores  que permearam o caminho  perderão sentido. A grande busca  terá enfim  sua descoberta. Não mais  serão necessárias  tantas noites despertas,  tanta reflexão  no abismo profundo  do ver-se. Não mais  as grandes prisões  do amor,  a esperança dizendo  a si mesma que pode. Data derradeira  entre a crença e a morte,  data póstuma oculta e revelada.  Quem sabe os lírios  se abram enfim,  e proclamem a eternidade  do belo no agora,  quem sabe  estávamos mortos  e não sabíamos,   quem sabe o novo  saia do invólucro,  renasça  Importa caminhar ermo,  encontrar este e aquele,  importa amar,  este frágil elo  que tudo sustenta,  divertir-se dos passos,  dos saltos,  das quedas,  e esperar,  como se tivesse  de se apresentar  em algum grande  tribunal...

FINAL DA NOITE

  Como temos sobrevivido meu amor... um mundo que não nos entende, nos leva em mar tempestuoso, jogando o barco de um lado ao outro. Queria a mansidão dos jardins dispersos fora dos trajetos, e só encontro o tempo comprimido. Sobrou o fim da noite para nosso silêncio. Sobrou a sobra, quase nada para nós. Sobraram sonhos perdidos no desencontro diário. Ainda assim sobrevivemos nas confidências guardadas no outro lado dos montes onde o Sol descansa extenuado do homem e da mulher. Peço não se perca este pouco que ainda resta no pouco que somos do pouco que temos. Somos assim, acamados noturnos, assim seguimos... Curtir Comentar Enviar Compartilhar