Parece que até hoje, desde quando Eduardo Suplicy defendia um programa de remuneração para os desempregados, e que foi copiado por FHC, que aplicou em pequena escala, e depois, sim, Lula tornou o Bolsa Família um programa de fato mais amplo e com política mais definida de valorização humana, os programas de erradicação da miséria passam por grande falta de credibilidade.
Tanto, que apenas Dilma tomou esta dianteira e coragem suficiente para acreditar que seja possível dar o grande passo de se fazer o Brasil para os brasileiros.
Ela tomou tão a sério esta questão que fez de sua primeira reunião pós eleições uma análise do programa de erradicação da pobreza e miséria.
O Bolsa Família tem importância na movimentação da economia, no aumento do consumo, que movimenta o comércio, que movimenta a indústria, que movimenta a economia. Certamente o Bolsa Família tem primeiro um impacto social, depois econômico, e depois o de promover a profissionalização.
Mas vamos à análise do Vox Populi, que fez esta pesquisa para o IG
"A promessa repetida sucessivamente na campanha pela presidenta eleita Dilma Rousseff de acabar com a miséria no Brasil é vista com descrença pela maioria dos brasileiros, tanto por quem votou na petista como por quem apoiou José Serra (PSDB) na disputa presidencial.
Pesquisa Vox Populi encomendada pelo iG sobre a expectativa dos brasileiros sobre o próximo governo mostra que 62% da população não acredita que a presidenta eleita conseguirá atingir a meta até o final do mandato. Menos de um quarto dos entrevistados (23%) diz acreditar que será possível erradicar a miséria no Brasil nos próximos quatro anos. Outros 11% afirmam que o objetivo será parcialmente obtido.
O pessimismo em relação ao cumprimento da meta é maior entre os eleitores que votaram em Serra nas últimas eleições – 74% dizem não acreditar no sucesso do projeto. O mesmo índice é registrado entre os que disseram ter votado em branco ou nulo. Ainda assim, a desconfiança existe também entre os apoiadores da petista - 56% dizem não acreditar que ela conseguirá a promessa.
O projeto para erradicação da miséria já foi tema de reunião entre a equipe de transição do futuro governo e especialistas, realizada em novembro deste ano, menos de 20 dias após Dilma ser eleita. Em seu discurso de posse, em Brasília, ela prometeu fazer um governo “comprometido com a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras”. “Humildemente, faço um chamado à nação, aos empresários, trabalhadores, imprensa, pessoas de bem do País para que me ajudem”, discursou, na ocasião.
O critério estabelecido pelo governo federal considera miseráveis os brasileiros que ganham cerca de R$ 4,25 diários (ou R$ 127,50 pr mês – um quarto de salário mínimo). Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2010, do IBGE, atualmente 21 milhões de brasileiros estão nesta situação.
A Organização das Nações Unidas (ONU) tem um critério diferente para traçar a linha da miséria: considera miseráveis pessoas com renda domiciliar inferior à linha de pobreza estabelecida pelo Banco Mundial (US$ 1,25 ao dia, corrigido pela paridade do poder de compra).
Há, portanto, equivalência entre a visão do governo e da ONU - negrito meu
A pesquisa Vox Populi aponta também que quanto menores forem a escolaridade e a renda dos entrevistados, maior é a esperança em relação ao cumprimento da meta do futuro governo: 28% dos entrevistados que estudaram até a quarta série, por exemplo, acham que a meta será atingida (o índice de otimistas é de 17% entre a população com ensino superior). Entre quem ganha até um salário mínimo, 26% dizem que Dilma vai conseguir erradicar a miséria, enquanto apenas 18% dos que ganham mais de cinco salários mínimos dizem ter essa confiança.
Quanto maior a renda dos entrevistados, menos eles acreditam que o governo vá erradicar a miséria. - negrito meu - isto é só o menos escolarizado é mais esperançado. Não é um paradoxo. quanto mais se estuda menos cresce a esperança
Os nordestinos, segundo a pesquisa, são mais otimistas na comparação com o restante do País. Na região, 26% dos entrevistados dizem que a meta será alcançada – no Sul, 68% afirmam não acreditar no sucesso do projeto.
Principal ferramenta do governo para o combate à miséria no País, o programa Bolsa Família é bem avaliado pela maioria da população, que defende a ampliação dos investimentos no programa (62%). No Nordeste, o índice dos que apoiam o crescimento do benefício chega a 72% (o Sul tem a menor porcentagem: 52%). A demanda pela expansão do Bolsa Família é maior entre as populações da zona rural (73%).
O Bolsa Família atende hoje a cerca de 50 milhões de pessoas e tem gasto anual estimado em R$ 13,4 bilhões ao ano, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome.
O Sudeste é onde se concentra o maior número de eleitores que defendem a diminuição do programa (14%) – a média nacional é de 10%. Um quarto da população (25%) diz preferir que o programa fique como está – que não seja ampliado nem reduzido.
Ainda segundo o levantamento, quanto menor a escolaridade, maior o apoio à ampliação do beneficio – 68% para quem estudou até a quarta série e 52% para quem tem ensino superior. Metade dos entrevistados que ganham mais de cinco salários mínimos defende a ampliação do programa – enquanto o índice chega a 69% entre quem ganha até um salário.
Os números também são contrastantes entre eleitores de Dilma e Serra. Enquanto 68% dos que votaram na petista querem a expansão do programa, pouco mais da metade dos eleitores do tucano (52%) defendem a ideia – outros 17% dizem que é preciso diminuir o programa.
A pesquisa mostra também que, embora a maioria da população (68%) reconheça que o Bolsa Família diminuiu a miséria e a pobreza no País – 86% no Nordeste – a maior parte dos entrevistados faz ressalva em relação ao programa.
Estudos apresentados pelo Ipea mostram que o Bolsa Família tem impacto pequeno, em termos de erradicação da miséria, sendo o crescimento econômico, e o consequente crescimento do mercado de trabalho, os maiores responsáveis pela redução da pobrez e miséria até agora - negrito meu (ver outros artigos que já apresentei, com estes números.
Na amostra, 85% das pessoas dizem que o programa ajuda, mas não resolve o problema da miséria; para 83%, o governo deveria investir mais em oportunidade de trabalho do que no Bolsa Família; e mais da metade da população (61%) diz considerar que os beneficiários ficam acomodados e não procurem melhorar de vida por causa do programa – a ideia é compartilhada por 68% dos entrevistados no Sudeste e 51% no Nordeste.
Quem votou em Serra tem mais restrições ao Bolsa Família: 68% dizem que acomoda (contra 57% de Dilma) e só 55% reconhecem que diminuiu a pobreza (77% dos que votaram em Dilma dizem o mesmo).
Vox Populi"
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