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Ubatuba que a tudo faz esperar

É preciso descansar da luta cotidiana, pelo menos uma vez por ano.

Em um lugar onde o clima e a cidade não estejam ainda contaminados com o virus da civilização pós-industrial, do super consumo, do comer, comer, comer...

Um local onde não possamos ser encontrados, estivermos desaparecido para os fornecedores, chefes,  sócios, parceiros, e dependendo, até familia(espero que não).

Onde o desespero não consiga entrar, e o tempo dê a impressão de estar parado.

Uma terra, onde ainda que participando da grande estrutura nacional, seja, momentaneamente, a exceção à regra, o deleite, o sorvete, o sol, a praia, a paz. Sabemos que o Xangrilá, ou a Civilização do Amor ainda está distante muitas batidas cardíacas de cada um de nós.

Sim, não é o paraíso, mas parece, pela sua beleza contagiante, pela paz que se irradia naturalmente. Também não haveria outro modo de se espalhar

Ubatuba encarna tudo isto, e declara unilateralmente a suspensão das lutas.

A revolução pode ser arquitetada, mas não aqui; as conversões podem ser proclamadas, mas não em Ubatuba; as grandes vendas podem ser engendradas, nas longe deste recanto litorâneo.

Aqui tem vez a vida, o íntimo, o silêncio, o escutar.

Aqui o som das crianças se mistura ao bramir das ondas e aos latidos dos cães nas manhãs alegres.

Terra abençoada por Deus, onde o leão e ovelha pastam juntos, e o seu povo sente sabor da vida.

Aqui restauro as energias perdidas, exauridas na profissão, na luta diária.

Até a poesia aqui perde inspiração, para não interromper o prazer...

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