Para Florbela Spanca

Que importa
se caírem os mundos
a revolta estiver próxima
e se levantem perdidos gritos desesperançados.

Que importa
se a fome é tanta,
a miséria infinita,
se teu amor a mim basta.

Importa lá
que a música esteja perdida,
a educação descaracterizada,
o Congresso acomodado,
o brio da nação ferido?

Importam teus olhos!
Tua parda graça
semi-libertina
semi-enlutada.

Importa a metamorfose cerebral
desta cabeça confusa
e metida a ordeira.

Importa a orgia
que serpenteia nosso convívio

Importa nossa declaração unilateral de paz

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