Pesquisa sobre a felicidade apresentada pelo The Economist.
Os economistas, quando resolvem entrar em searas que não lhes são próprias, são realmente muito engraçados.
As ocasiões em que vi o Presidente do Banco Central Henrique Meireles sorrir de satisfação, geralmente, estiveram ligadas às explicações lógicas sobre a variação dos juros pelas estratosferas da vida brasileira, e não sinalizavam para um caminho de felicidade de muitos, mas para uma ação diversionista com a intenção de ocultar a verdadeira razão, que é a felicidade de poucos(se pensar a felicidade como subproduto da renda per capta).
Fico imaginando como um economista consegue inserir a felicidade em suas cifras e porcentagens.
"Estou 20% mais feliz que fulano de outro país que está 15% menos feliz".
Circunscrever a felicidade em porcentagens já mostra o quão distante se está desta.
Porque a felicidade é ou não é, e menos tem ou não tem.
Caso contrário, a miserabilidade estará sempre associada à tristeza profunda, e a riqueza material à felicidade infinda. Nem uma coisa nem outra.
A idéia da felicidade é muito mais complexa, e precisa de um aprofundamento teórico e doutrinal bem maior que a formação matemática e lógica de um economista, para se conhecer bem as suas características.
O estudo apresentado pela revista The Economist mostra um resumo histórico das pesquisas realizadas por teóricos do setor, na análise da felicidade.
Associando-a, inicialmente, a uma relação direta com a renda, depois, considerando ser esta relação muito simples, agregaram a variável nacional, comparando a felicidade entre as nações, e finalmente, observando ainda uma insuficiência teórica para uma melhor compreenção, agregaram a questão cultural (que acredito esteja mais próxima deste conhecimento), mais para explicar as situações anômalas não "enquadradas" pelas suas teses, do que para um uso mais aprofundado desta dimensão
A conclusão tem cunho óbvio e imperialista, isto é, os povos dos países mais desenvolvidos são mais felizes que os povos dos países mais pobres.
Nesta linha devo concluir que o Brasil tem uma "felicidade emergente".
Ora, façam-me o favor de me procurar na esquina mais próxima.
Fico imaginando como uma revista destas, como o The Economist, com projeção internacional, se deixa levar infelizmente, por estes "famosos" de economia.
Melhor se dissessem Bem Estar Material em vez de Felicidade
Melhor se dissessem Bem Estar Material em vez de Felicidade
Eu, um réles sociólogo da USP, formado pelos professores perseguidos da década de 70, mais uma formação em teologia, tenho uma leitura diferente disto tudo. Quero fazer algumas reflexões a respeito do mal uso deste tema pelo The Economist.
Primeiramente, uma visão mais teológica da felicidade:
Para o cristianismo a felicidade se localiza, principalmente, nos textos das chamadas Bem Aventuranças, que afirmam que são "Felizes vós os pobres, porque vosso é o Reino dos Céus. Felizes vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Felizes vós que chorais, porque haveis de rir. Felizes sereis quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem, insultarem, e proscreverem vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem".
No cristianismo a felicidade está relacionada à pessoa que sofre, e não o contrário.
Ao dominador está a insensibilidade e o uso do poder. Os sentimentos deste estão longe da felicidade; há, aí sim, uma sensação do poder dominador, que está longe de ser um sentimento altruísta, quanto mais, de felicidade.
Ainda nesta perspectiva cristã, a felicidade só estará disponível ao que sofre, pois à partir do sofrimento é que se pode experimentar a possibilidade de sua superação e perceber aonde quer chegar, onde está a felicidade.
Logo após identificar a felicidade com os pobres, são citadas as maldições, onde se afirma que, "Ai de vós, ricos, porque já tendes a vossa consolação".
Com isto o pensamento cristão afirma que os ricos não conseguem atingir a felicidade, mas se mantém, substituindo a felicidade pelo usufruto de seus bens materiais.
Com isto, conclui-se que a felicidade é um dom superior que está disponível aos que sofrem, enquanto os poderosos jamais a alcançarão.
Este tema polêmico, nem sempre é entendido de forma única, mas acompanhado de estudo de outras passagens bíblicas.
Estas palavras, vistas por si mesmas, são muitas vezes refutadas pela sua forte afirmação, fazendo com que muita gente se sinta incapaz de ser feliz. Principalmente os cristãos mais ricos, que se sentem constrangidos com sua riqueza, quando são verdadeiros devotos.
Assim, numa leitura mais teológica, vemos que uma pesquisa sobre a felicidade pode ir até as origens, descobrindo-a como um dom superior, como algo possível a cada segmento social, e não apenas nos ricos.
Da mesma forma, pode-se estudar também o quanto os ricos estão envolvidos em seus bens, sem se sentirem felizes, o que é perfeitamente possível e real.
"Abrindo-se à verdade e à beleza, com o senso do bem moral, com a sua liberdade e a voz de sua consciência, com a sua aspiração ao infinito e à felicidade, o homem se interroga sobre a existência de Deus", afirma o catecismo católico
"
Um outro conceito central na doutrina moral de Kant é o de felicidade.
A escrita de Kant nem sempre prima pela necessária clareza, sendo por vezes de difícil interpretação, graças ao abuso de parágrafos longos.
Daí que o conceito de felicidade, como outros conceitos, têm sido objecto de interpretações díspares. Kant define moral como a ciência que nos ensina como devemos, não tornar-nos felizes, mas dignos de felicidade.
Seguindo uma tradição que remonta a Platão e a Aristóteles, Kant considera também que o fim do Homem é a procura da felicidade.
Contudo, não subordina o dever à procura da felicidade, antes relaciona dever e felicidade, considerando que o cumprimento do dever é caminho para a felicidade.
Kant não exige a renuncia à felicidade em troca do cumprimento do dever, porque não coloca dever e felicidade em oposição, apesar de considerar o mandamento do dever em toda a sua autoridade, o qual exige uma obediência incondicional, que se basta a si própria e não precisa de nenhuma outra influência.
O dever é condição do soberano bem e este não é mais do que a felicidade geral, associada à mais pura moralidade e conforme a ela".
Olhando pelo aspecto cultural, no cancioneiro popular difundiu-se a noção de que "a tristeza não tem fim, mas a felicidade sim", e que ela é "uma gota de orvalho numa pétala de flor".
A felicidade, portanto, na visão de uma cultura popular, é um valor difícil de se possuir, e cultivar, que exige equilíbrio e sensatez para obter, uma vez que vivemos em um mundo de tristezas.
Meditando interiormente, penso a felicidade como um valor superior, encontrado somente quando o homem se debruça meditando sobre a sua própria vida, encontrando as razões do existir, e se pondo em ações consoantes com estas descobertas.
Nesta linha, a felicidade é um estado de ser desejado, estável quando descoberto, e instável quando se vive na superfície da existência, sem a consciência.
Está vinculada à liberdade, mas não exclui uma moral autêntica, no pensar do pensamento existencialista de Simone de Beauvoir, ou das leis mosaicas ou através da justficação pela fé em Cristo, no dizer do apóstolo Paulo.
A felicidade. assim está numa transformação do coração do homem, que descobre o bem e tende a seguir nesta linha, seja racionalmente, seja através de leis religioosas, ou pela fé.
Poderíamos, a grosso modo, utilizar a idéia de uma "classe em si" e uma "classe para si".
Uma existe sem a consciência de seu papel, e, portanto, não consegue enxergar sua luz no fim do túnel; a outra vîslumbra a luz e se satisfaz por caminhar.
Vou ficando por aqui.
Só não posso aceitar uma visão economicista da felicidade, totalmente destituída dos valores filosóficos e teológicos.
À partir desta ótica, que estes economistas busquem novos isntrumentos de pesquisa e refaçam seus estudos.
Segue abaixo o resumo do esdrúxulo estudo do The Economist.
.A noção de que o dinheiro não pode comprar a felicidade é popular, especialmente entre os europeus que acreditam que as economias orientadas para o crescimento do mercado livre tem uma idéia errada. Eles chamaram o conforto do trabalho de Richard Easterlin, professor de economia da Universidade da Califórnia do Sul, que através dos dados de arrastão na década de 1970 e observou apenas uma correlação solta entre dinheiro e felicidade. Embora a renda e o bem-estar estejam estreitamente correlacionada dentro dos países, parece haver pouca relação entre os dois, quando medido ao longo do tempo ou entre países. Isso ficou conhecido como o "paradoxo de Easterlin". Sr. Easterlin sugeriu que o bem-estar não tem abrangência absoluta, e quanto ao rendimento: as pessoas se sentem miseráveis, não porque sejam pobres, mas porque eles estão no fundo da pilha particular em que se encontram.
Mas o mais recente trabalho, especialmente por Betsey Stevenson e Justin Wolfers, da Universidade da Pensilvânia que, embora a evidência para uma correlação entre renda e felicidade ao longo do tempo permanece fraca, que, para uma correlação entre os países é forte. Segundo o Sr. Wolfers, a correlação foi claro no passado devido a uma escassez de dados. Há, diz ele, "uma tendência para confundir ausência de evidência para uma proposição como prova de sua ausência".
Há agora dados sobre o efeito da renda sobre o bem-estar em quase todo o mundo. Em alguns países (África do Sul e Rússia, por exemplo), a correlação é mais do que em outros (como a Grã-Bretanha e Japão), mas é visível em toda parte.
A variação na satisfação com a vida entre os países é enorme . Os países no topo da liga (todos eles desenvolvidos)tem pontuação até oito de cada dez; países no ( principalmente Africano, mas também o Haiti e Iraque, colocando em um triste, mas não surpreendente) inferior pontuação tão baixas quanto três .
Embora os países mais ricos estão claramente mais feliz, a correlação não é perfeita, o que sugere que outros, provavelmente cultural, fatores estão no trabalho. Os europeus ocidentais e norte-americanos grupo muito juntos, apesar de existirem algumas anomalias, como o Português surpreendentemente sombrio. Os asiáticos tendem a ser menos feliz do que sua renda poderia sugerir, e escandinavos um pouco mais. Hong Kong e na Dinamarca, por exemplo, têm rendimento similar por pessoa, em paridade de poder de compra, mas a satisfação de Hong Kong de vida média é de 5,5 numa escala de 10 pontos, e na Dinamarca é 8. Os latino-americanos são alegres, a ex-União Soviética espetacularmente miserável, e o mais triste lugar no mundo, em relação à sua renda per capita, é a Bulgária.
"Comparando os países16 dezembro 2010
A noção de que o dinheiro não pode comprar a felicidade é popular, especialmente entre os europeus que acreditam que as economias orientadas para o crescimento do mercado livre tem uma idéia errada. Eles chamaram o conforto do trabalho de Richard Easterlin, professor de economia da Universidade da Califórnia do Sul, que através dos dados de arrastão na década de 1970 e observada apenas uma correlação solta entre dinheiro e felicidade. Embora a renda eo bem-estar estão estreitamente correlacionada dentro dos países, parece haver pouca relação entre os dois, quando medido ao longo do tempo ou entre países. Isso ficou conhecido como o "paradoxo de Easterlin". Sr. Easterlin sugeriu que o bem-estar não depende da absoluta, mas sobre o rendimento, em relação: as pessoas se sentem miseráveis, não porque são pobres, mas porque eles estão no fundo da pilha particular em que se encontram.
Mas o mais recente trabalho, especialmente por Betsey Stevenson e Justin Wolfers, da Universidade da Pensilvânia que, embora a evidência para uma correlação entre renda e felicidade ao longo do tempo permanece fraca, que, para uma correlação entre os países é forte. Segundo o Sr. Wolfers, a correlação foi claro no passado devido a uma escassez de dados. Há, diz ele, "uma tendência para confundir ausência de evidência para uma proposição como prova de sua ausência".
Há agora dados sobre o efeito da renda sobre o bem-estar em quase todo o mundo. Em alguns países (África do Sul e Rússia, por exemplo), a correlação é mais do que em outros (como a Grã-Bretanha e Japão), mas é visível em toda parte.
A variação na satisfação com a vida entre os países é enorme (ver gráfico). Os países no topo da liga (todos eles desenvolvidos) pontuação até oito de cada dez; países no (aparência principalmente Africano, mas com o Haiti e Iraque, colocando em um triste, mas não surpreendente) inferior pontuação tão baixas quanto três .
Embora os países mais ricos estão claramente mais feliz, a correlação não é perfeita, o que sugere que outros, provavelmente cultural, fatores estão no trabalho. Os europeus ocidentais e norte-americanos grupo muito juntos, apesar de existirem algumas anomalias, como o Português surpreendentemente sombrio. Os asiáticos tendem a ser menos feliz do que sua renda poderia sugerir, e escandinavos um pouco mais. Hong Kong e na Dinamarca, por exemplo, têm rendimento similar por pessoa, em paridade de poder de compra, mas a satisfação de Hong Kong de vida média é de 5,5 numa escala de 10 pontos, e na Dinamarca é 8. Os latino-americanos são alegres, a ex-União Soviética espetacularmente miserável, eo mais triste lugar no mundo, em relação à sua renda per capita, é a Bulgária".
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