Volto os olhos
para a janela.
Encontro a copa
de uma árvore.
De fora,
chega o canto
de pássaros
que pousam
junto ao quarto.
Percebo
a particularidade
de uma beleza
jamais considerada.
Agora, não.
Agora
tudo
assume
importância.
Imobilizado na cama
passeio livremente
em meu imaginário.
Como nunca antes
vejo com tantos
detalhes a vida.
E, somente agora,
prisioneiro
de uma cama
reconforta-me
a natureza.
Também eu estou
do outro Lado
de uma janela.
O lado Novo
que descobre vida
aonde antes
era acessório.
O que me abriu
para o mundo?
O que me projeta
para uma espécie
de renascer?
Quem não se anuncia,
mas vêm
em meio
à minha aflição
fazendo
redescobrir-me?
Não há palavras
mas há presença.
Aceito
serenamente
um convite
silencioso,
e inicio
uma escuta
surda,
chamada
oração.
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