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A crítica no processo de libertação

Uma pequena reflexão. Ensaio de ensaio

Rebusco minha biblioteca.

Tenho meus livros em altura inascessível.

Pego uma escada e subo para examinar.

Os livros vão sendo redescobertos em meio a poeira que se acumula, esquecida.

Vou me redescobrindo nos livros esquecidos, que tiveram outra finalidade em tempos póstumos

Temas diversos de questionamentos e conhecimentos variados.

A busca da verdade é uma constante.

Abro um livro de Thomas S. Eliot "de Poesia e Poetas".

Salta à vista um pensamento introdutório de Baudelaire no prólogo de Ivan Junqueira - "todos os poetas se fazem naturalmente, fatalmente, críticos", e ainda, com Alceu de Amoroso Lima, para quem  " todo grande poeta (...) é um grande crítico, ao menos na perspectiva..(...), como todo grande crítico é um poeta, ou em perspectiva ou em ação.

Salto do contexto literário onde a poesia tem sua função social através de uma didática própria,  e adentro na dimensão da vida como um todo.

Não mais a crítica literária em si, mas a crítica em si

Considerando a crítica como uma capacidade do homem em descobrir e superar os padrões que definem um modo de vida, e romper com o meio que mantém estes padrões para construir uma nova realidade, podemos admitir que a libertação pressupõe a  crítica e a autocrítica.

Esta crítica, para ser exercida, por seu lado, deve aceitar a espontaneidade como pré-condição de existência.

Não há visão "de fora", se não se sai para fora; isto é, se não utiliza do espontaneismo para conhecer-se e ao seu meio

As ciências Sociais vieram em boa hora para auxiliar nas análises críticas da realidade social e do agente investigador.

Não há liberdade sem descoberta de prisões.

É o Mito da Caverna  de Platão sobre  diálogo ente Sócrates e Gláuco. 

Estamos olhando sombras que se projetam nas paredes do fundo da caverna, pelas imagens que passam pela sua entrada, iluminadas pelo sol.

Toda época traz suas própras prisões e exigem liberdades específicas para serem alcançadas.

Umas mais disfarçadas e ocultas, outras mais claras e evidentes. Nosso tempo refere-se às primeiras.

Mas, é possível admitir-se a liberdade como uma experiência sem limites?

Onde ela possa ir caminhando, sem encontrar resistência de fundo moral?

Algo que não a impeça ao realizar seu próprio contrário?

Estes limites estão dispostos na vida social, que se confronta com a liberdade, para definir o "até onde posso ir".

O limite é a árvore da ciência do bem e do mal - solução para tantos males, de um lado, e instrumento para grandes destruições, de outro.

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