Pular para o conteúdo principal

Interessante reflexão de Bento XVI sobre a santidade

Em meio a tantas críticas à viagem de um velho que tornou-se Papa, alemão voltando a sua pátria, não teria este direito?
Rejeitado no Parlamento alemão por alguns, acusado de ter sido nazista, por acobertar pedófilos, este velho Papa reconheceu o direito da crítica e das manifestações e participou de todo o cerimonial que lhe fora preparado.
Recordo-me do Papa João Paulo II não conseguindo falar para o público, com a morte já à sua espreita. Quem protege os idosos e os eleva até o último instante neste mundo? Não tenho outra lembrança. Quando adoecem, tchau tchau, como se diz.
Bem, não é esse o motivo deste artigo, mas uma preleção feita pelo Papa Bento XVI aos jovens em Freiburg, em 24/09/2011, que repasso agora para sua reflexão:

Neste ponto, não devemos calar o facto de que o mal existe.

Vemo-lo em tantos lugares deste mundo; mas vemo-lo também – e isto assusta-nos – na nossa própria vida.

Sim, no nosso próprio coração, existe a inclinação para o mal, o egoísmo, a inveja, a agressividade.

Com uma certa autodisciplina, talvez isto se possa, em certa medida, controlar.

Caso diverso e mais difícil se passa com formas de mal mais escondido, que podem envolver-nos como um nevoeiro indefinido, tais como a preguiça, a lentidão no querer e no praticar o bem.

Repetidamente, ao longo da história, pessoas atentas fizeram notar que o dano para a Igreja não vem dos seus adversários, mas dos cristãos tíbios.

Então como pode Cristo dizer que os cristãos – sem ter excluído os cristãos fracos e frequentemente tão tíbios – são a luz do mundo?

Compreenderíamos talvez que Ele tivesse gritado: Convertei-vos!

Sede a luz do mundo!

Mudai a vossa vida, tornai-a clara e resplandecente!
Não será caso de ficar maravilhados ao vermos que o Senhor não nos dirige um apelo, mas diz que somos a luz do mundo, que somos luminosos, que resplandecemos na escuridão?
* * *

Queridos amigos, o apóstolo São Paulo, em muitas das suas cartas, não tem receio de designar por «santos» os seus contemporâneos, os membros das comunidade locais.

Aqui torna-se evidente que cada baptizado – ainda antes de poder realizar boas obras ou particulares acções – é santificado por Deus.

No baptismo, o Senhor acende, por assim dizer, uma luz na nossa vida, uma luz que o Catecismo chama a graça santificante.
Quem conservar essa luz, quem viver na graça, é efectivamente santo.

Queridos amigos, a imagem dos santos foi repetidamente objecto de caricatura e apresentada de modo distorcido, como se o ser santo significasse estar fora da realidade, ser ingénuo e viver sem alegria.

Não é raro pensar-se que um santo seja apenas aquele que realiza acções ascéticas e morais de nível altíssimo, pelo que se pode certamente venerar mas nunca imitar na própria vida.

Como é errada e desalentadora esta visão!

Não há nenhum santo, à excepção da bem-aventurada Virgem Maria, que não tenha conhecido também o pecado e que não tenha caído alguma vez.

Queridos amigos, Cristo não se interessa tanto de quantas vezes vacilastes e caístes na vida, como sobretudo de quantas vezes vos erguestes.

Não exige acções extraordinárias, mas quer que a sua luz brilhe em vós.

Não vos chama porque sois bons e perfeitos, mas porque Ele é bom e quer tornar-vos seus amigos.

Sim, vós sois a luz do mundo, porque Jesus é a vossa luz.

Sois cristãos, não porque realizais coisas singulares e extraordinárias, mas porque Ele, Cristo, é a vossa vida. Sois santos porque a sua graça actua em vós.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Soneto de Dom Pedro Casaldáliga

Será uma paz armada, amigos, Será uma vida inteira este combate; Porque a cratera da ... carne só se cala Quando a morte fizer calar seus braseiros. Sem fogo no lar e com o sonho mudo, Sem filhos nos joelhos a quem beijar, Sentireis o gelo a cercar-vos E, muitas vezes, sereis beijados pela solidão. Não deveis ter um coração sem núpcias Deveis amar tudo, todos, todas Como discípulos D'Aquele que amou primeiro. Perdida para o Reino e conquistada, Será uma paz tão livre quanto armada, Será o Amor amado a corpo inteiro. Dom Pedro Casaldáliga

UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO

 Acabo de vir do Largo de Pinheiro. Ali, na Igreja de Nossa Senhora de M Montserrat, atravessa  a Cardeal Arcoverde que vai até a Rebouças,  na altura do Shopping Eldorado.   Bem, logo na esquina da igreja com a Cardeal,  hoje, 15/03/2024, um caminhão atropelou e matou um entregador de pão, de bike, que trabalhava numa padaria da região.  Ó corpo ficou estendido no chão,  coberto com uma manta de alumínio.   Um frentista do posto com quem conversei alegou que estes entregadores são muito abusados e que atravessam na frente dos carros,  arriscando-se diariamente. Perguntei-lhe, porque correm tanto? Logo alguém respondeu que eles tem um horário apertado para cumprir. Imagino como deve estar a cabeça do caminhoneiro, independente dele estar certo ou errado. Ele certamente deve estar sentindo -se angustiado.  E a vítima fatal, um jovem de uns 25 anos, trabalhador, dedicado,  talvez casado e com filhos. Como qualquer entregador, não tem direito algum.  Esta é minha cidade...esse o meu povo

Homenagem a frei Giorgio Callegari, o "Pippo".

Hoje quero fazer memória a um grande herói da Históra do Brasil, o frei Giorgio Callegari. Gosto muito do monumento ao soldado desconhecido, porque muitos heróis brasileiros estão no anonimato, com suas tarefas realizadas na conquista da democracia que experimentamos. Mas é preciso exaltar estas personalidades cheias de vida e disposição em transformar o nosso país numa verdadeira nação livre. Posso dizer, pela convivência que tive, que hoje certamente ele estaria incomodado com as condições em que se encontra grande parte da população brasileira,  pressionando dirigentes e organizando movimentos para alcançar conquistas ainda maiores, para melhorar suas condições de vida. Não me lembro bem o ano em que nos conhecemos, deve ter sido entre 1968 e 1970, talvez um pouco antes. Eu era estudante secundarista, e já participava do movimento estudantil em Pinheiros (Casa do estudante pinheirense - hoje extinta), e diretamente no movimento de massa, sem estar organizado em alguma escola,